Embora a ciência médica já conheça grande parte do corpo humano, investigadores da Universidade da Virgínia anunciaram a descoberta de uma nova estrutura dentro das células humanas, apelidada de “hemifusomo”. Esta organela microscópica pode abrir caminho para uma melhor compreensão e tratamento do Alzheimer, uma das doenças mais devastadoras do cérebro.
A professora assistente Seham Ebrahim e a sua equipa usaram uma técnica avançada chamada criotomografia eletrónica (crio-ET) para observar as células em três dimensões, preservando a sua estrutura natural, como se fosse uma fotografia instantânea do interior celular.
O hemifusomo tem cerca de 100 nanómetros de diâmetro, menos da metade do tamanho de uma mitocôndria e apresenta uma forma que lembra um boneco de neve com um cachecol, com uma cabeça pequena ligada a um corpo maior por uma fina borda.
Segundo Ebrahim, esta organela parece estar envolvida na classificação, reciclagem e descarte de proteínas dentro da célula, processos essenciais para evitar o acumular de resíduos que podem causar disfunções. Como a doença de Alzheimer está associada ao acumular anormal de placas proteicas no cérebro, os hemifusomos poderão desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento.
O estudo, publicado em maio de 2025 na revista Nature Communications, confirma a existência do hemifusomo, mas ainda não revela detalhes sobre as suas funções específicas, ciclo de vida ou composição.
A investigadora destacou a importância da técnica utilizada: “Sem a tomografia crioeletrónica, teríamos perdido esta descoberta.” E acrescentou: “Provavelmente existe um mundo inteiro ainda por descobrir dentro das nossas células.”
Esta descoberta representa um passo significativo para a medicina, abrindo novas possibilidades no combate às doenças neurodegenerativas e no aprofundar do conhecimento sobre o corpo humano.