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Cientistas estudam o impacto do sexo biológico nas barreiras cerebrais e no neurodesenvolvimento de recém-nascidos

Uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra (UC) está a estudar o cérebro de recém-nascidos para compreender de que forma o sexo biológico influencia o neurodesenvolvimento e a suscetibilidade a infeções.

20 Fevereiro 2025
Sandra M. Pinto

 Esta investigação parte de pistas lançadas em estudos científicos anteriores, que revelaram uma maior suscetibilidade masculina a condições como a sepse, uma resposta imunitária desregulada e generalizada do corpo a uma infeção, que pode levar a danos nos órgãos e que, se não tratada rapidamente, leva à falência múltipla de órgãos e morte. A equipa da UC espera compreender melhor este processo e, assim, abrir caminho a novas terapias que possam prevenir complicações de saúde nos primeiros dias de vida.

Intitulado BarriersReveal – Desvendar o papel do sexo nas barreiras cerebrais durante o período neonatal, o projeto de investigação vai decorrer durante um ano e meio, sendo coordenado pela investigadora do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC, Vanessa Coelho-Santos, que se tem dedicado ao estudo do cérebro no período neonatal, que corresponde aos primeiros 28 dias de vida do bebé.

Vanessa Coelho-Santos explica que “os estudos científicos têm mostrado que bebés e crianças do sexo masculino têm maior risco de desenvolver transtornos do neurodesenvolvimento, como autismo e hiperatividade, frequentemente associados a infeções neonatais e neuroinflamação”. No entanto, “continuamos a não saber fisiologicamente como é que o sexo biológico influencia a maturação dos vasos e barreiras cerebrais, assim como a composição neuroimunológica, e como é que molda a suscetibilidade do sexo masculino a determinados transtornos ou o porquê de o sexo feminino ser mais resiliente; e é isso que procuramos revelar com esta investigação”, sublinha.

Sobre a importância de estudar o cérebro no período imediatamente após o nascimento, a cientista explica que “o cérebro neonatal está particularmente desprotegido devido ao intenso crescimento vascular e ao amadurecimento da barreira hematoencefálica, mas também ao sistema imunitário imaturo que protege o nosso cérebro, e, face a estas vulnerabilidades, é essencial conhecermos a fundo os impactos destes processos fisiológicos de crescimento para que seja possível desenvolver, futuramente, intervenções que impeçam a propagação de problemas que possam ter origem neste momento de vulnerabilidade do cérebro humano”.

Neste contexto, a equipa do projeto está a estudar barreiras cerebrais que controlam a comunicação com o sistema periférico. Entre elas estão as meninges, que envolvem e protegem o cérebro e contêm células imunes; a barreira hematoencefálica, que regula a passagem de substâncias e células do sangue para o cérebro, garantindo a sua proteção; e o plexo coroide, que, além de produzir o líquido que envolve o cérebro, também ajuda a controlar a resposta imunitária. Estas estruturas desempenham um papel essencial na defesa do cérebro, influenciando a forma como reage a infeções, toxinas e inflamações nos primeiros dias de vida.

Este projeto pré-clínico com murganhos pretende analisar a composição imunológica e a maturação nas diversas barreiras entre os sexos masculino e feminino durante o período neonatal. “Como ainda não existem dados moleculares disponíveis em seres humanos, o estudo começa em modelos pré-clínicos, com o intuito de, posteriormente, comparar os resultados com tecidos humanos”, partilha Vanessa Coelho-Santos.

As informações cerebrais vão ser obtidas com recurso a imagens do cérebro em tempo real, registadas a partir de microscopia de dois fotões, uma metodologia de imagem de ponta que permite captar imagens de alta resolução ao longo do tempo. Vai ser também utilizada uma técnica laboratorial chamada citometria de fluxo, que permite examinar várias propriedades das células. “Estas interfaces vão ser estudadas de forma comparativa entre murganhos recém-nascidos de ambos os sexos para que seja possível perceber que diferenças existem entre o sexo feminino e o sexo masculino, e como é que esses aspetos diferenciadores explicam e conduzem à já provada maior suscetibilidade do sexo masculino a infeções e doenças do neurodesenvolvimento”, elucida a investigadora da UC.

Esta investigação é financiada com cerca de 50 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e conta com a colaboração da médica e investigadora do Instituto de Investigação Infantil de Seattle, Juliane Gust.

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