Vivemos numa época em que a alimentação saudável está na moda. Os supermercados enchem-se de produtos com rótulos como “natural”, “light”, “sem glúten” ou “fitness”. Aparentemente, são opções que ajudam a cuidar do corpo e da mente. Mas, quando olhamos para os ingredientes e a tabela nutricional, percebemos que muitas vezes não passam de produtos altamente processados, cheios de açúcar, sal ou gorduras escondidas. Ou seja: mais marketing do que saúde.
1. Barras de cereais
São frequentemente apresentadas como o snack ideal para quem não tem tempo. No entanto, a maioria das barras de cereais contém xaropes de glicose, frutose ou açúcar refinado em quantidades elevadas. Em alguns casos, chegam a ter tanto açúcar como uma tablete de chocolate. Além disso, são pobres em fibras, o que significa que provocam picos de glicémia e fome pouco tempo depois. Um estudo da Harvard School of Public Health alerta para a importância de escolher snacks integrais e não processados, como fruta ou frutos secos, em vez destas opções “de conveniência”.
2. Sumo de fruta industrial
“Se vem da fruta, só pode ser saudável”, pensa muita gente. Mas os sumos de pacote, mesmo quando 100% fruta, concentram frutose em excesso e eliminam quase totalmente as fibras. Isto faz com que um copo de sumo possa conter o equivalente em açúcar a um refrigerante. De acordo com o NHS britânico, o consumo de sumo deve ser limitado a 150 ml por dia, e sempre que possível acompanhado das refeições, para reduzir o impacto glicémico.
3. Pão integral embalado
O pão “integral” que se encontra nos corredores dos supermercados muitas vezes é feito sobretudo de farinha branca, com apenas uma pequena percentagem de farinha integral adicionada. Para piorar, muitos incluem aditivos, conservantes e até açúcares. A diferença em relação ao pão branco é mínima, mas a perceção de que é integral faz com que as pessoas o consumam em maior quantidade. O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (DGS) recomenda escolher pães de fermentação lenta, feitos em padarias tradicionais, com farinhas 100% integrais.
4. Iogurtes com sabor
São frequentemente apresentados como “ricos em cálcio” ou “com pedaços de fruta”, mas a maioria dos iogurtes de sabor contém adição de açúcar ou adoçantes artificiais. Isto transforma um alimento que poderia ser saudável numa sobremesa disfarçada. Alguns chegam a ter mais de 20 gramas de açúcar por embalagem. Segundo a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, o consumo excessivo de açúcares adicionados está diretamente associado ao aumento da obesidade e ao risco de diabetes tipo 2.
5. Produtos “sem glúten”
Para quem sofre de doença celíaca, são essenciais. Mas para a maioria da população, os produtos sem glúten industrializados não oferecem vantagens. Muitas vezes são até menos saudáveis, porque levam aditivos e gorduras para compensar a ausência do glúten. Bolachas, pão e massas “sem glúten” podem ter mais gordura e açúcar do que as versões tradicionais. Para quem não tem intolerância, é preferível optar por cereais integrais, como aveia, centeio e trigo sarraceno.
Conclusão
A alimentação saudável não deve ser confundida com rótulos apelativos. Quanto menos processado for um alimento, mais fácil é perceber o que realmente estamos a ingerir. Fruta, legumes, frutos secos, azeite, peixe e cereais integrais continuam a ser a base da verdadeira dieta saudável, em linha com as recomendações da OMS. O consumidor informado é aquele que não se deixa enganar por embalagens, mas escolhe com consciência aquilo que põe no prato.