Cohousing pode ser uma solução para o futuro da habitação sénior

Nova política de habitações colaborativas pretende-se destacar pela criação de uma comunidade e de uma melhor qualidade de vida. Em Portugal, inicia-se, gradualmente, a sua implementação face às necessidades.

Esta política de habitação começa a ser uma hipótese pensada para o nosso País, que ocupa o quarto lugar do ranking europeu com maior percentagem (20,9 por cento, em 2016) de população com mais de 65 anos. A primeira comunidade destinada ao envelhecimento ativo deve ser uma realidade em 2020, após a sua integração na nova Lei de Bases da Habitação.

Só agora a ideia começa a ganhar mais adeptos nacionais, no entanto, a política de habitação colaborativa para a terceira idade, na Europa do Norte já começa a ganhar cabelo branco. O primeiro projeto de cohousing data de 1972 e reuniu 27 famílias dinamarquesas perto da capital, Copenhaga. Neste país escandinavo, uma grande parte da população sénior reside neste tipo de habitação.

A Hac.Ora Portugal Sénior Cohousing é uma associação sem fins lucrativos (ONG) portuguesa, fundada em maio de 2018, que ajuda a desenvolver e divulgar o conceito de habitação colaborativa. Esta entidade é, atualmente, presidida pelo antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso.

Em Portugal, são conhecidos, apenas, três projetos de habitações colaborativas: “Os pioneiros”, em Águeda; a Unidade Residencial Madre Maria Clara, em Carnaxide, e o Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande, no Algarve.

O que é a Cohousing?

A nova política de habitação, que está a entrar na moda no Sul da Europa, assenta numa comunidade intencional de casas particulares agrupadas num espaço partilhado, em que se cria um espírito de solidariedade e vizinhança entre os membros da comunidade.

Cada casa tem as comodidades tradicionais e os seus membros têm a sua renda e vida privada independente, contudo, os espaços comuns são geridos pelos residentes, que também são responsáveis pela manutenção dos mesmos. São criados grupos de trabalho para as diferentes tarefas, desde a gestão financeira à preparação de refeições comuns, além da organização das atividades coletivas, como jantares, workshops ou eventos culturais.

Porém, o sentido de comunidade não se resume aos limites físicos da habitação colaborativa, podendo, também, se estender aos seus vizinhos. Os grupos que vivem em projetos de cohousing podem organizar eventos comuns, gerir hortas comunitárias, ou alugar os seus espaços comuns a grupos externos.

Tradicionalmente, a estrutura legal é uma associação de proprietários ou uma cooperativa habitacional. A coabitação facilita a interação entre os vizinhos, o que pode ocasionar a formação de clubes, partilha de boleias ou simplificar a organização de cuidados com crianças e idosos vizinhos. Deste modo vão ser gerados benefícios sociais, práticos, ambientais e económicos.

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