“Mas afinal de quem foi ideia de celebrar o meu nascimento no dia da minha morte?” é a pergunta que será lançada, no final da representação, ao público presente, por um dos dois Luís Vaz de Camões, um português e um brasileiro.
Nessa altura é inaugurada a programação cultural camoniana na cidade, promovida pela Associação Portugal Brasil 200 anos, Câmara Municipal e Centro de Estudos Camonianos da Universidade de Coimbra.
O programa, hoje divulgado e que se vai estender ao longo deste mês, está inserido no projeto Coimbra Cidade de Camões, com o qual a Casa da Cidadania da Língua marca o arranque das celebrações.
Em nota de imprensa hoje enviada à agência Lusa, os promotores da iniciativa explicaram que a peça de teatro “O olho perdido de Camões” — agendada para as 21:00 de dia 09 — termina com aquela pergunta, resumida como uma “provocação que sintetiza o espírito com que os curadores do projeto (…) desafiam o público, não só em Coimbra, mas também em Portugal e nos territórios de língua portuguesa, a pensar a história e o legado do maior poeta de língua portuguesa”.
“Embora a data exata do nascimento do poeta seja desconhecida, optou-se por iniciar as festividades entre o ano em que ele nasceu e as duas datas significativas de sua morte, culminando no Dia de Portugal”, referiram os curadores do Coimbra Cidade de Camões, adiantando que nomes como Pedro Abrunhosa, Lídia Jorge, Maria do Rosário Pedreira, Luis Filipe Castro Mendes ou Mário Cláudio, entre muitos outros, se associaram ao projeto.
Ainda segundo os promotores, Coimbra é a única universidade de língua portuguesa até a implantação da República em Portugal, a assumir um papel de destaque nas comemorações, “ligando a vida e a obra do maior poeta português ao território que simboliza o conhecimento e a cultura”.
“A iniciativa pretende trazer um novo olhar sobre Camões, não apenas como poeta, mas como um homem inserido numa cidade do saber”.
Citado na nota, José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, destacou a importância do evento para a cidade.
“Coimbra tem um papel histórico e cultural fundamental na preservação e na promoção da obra de Luis de Camões. Estas celebrações são uma homenagem ao nosso passado literário e uma inspiração para o nosso futuro”, declarou.
Já José Manuel Diogo, presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos, considerou a celebração dos 500 anos de Luís de Camões como uma oportunidade única para uma reflexão sobre a importância da língua portuguesa e um futuro construído em conjunto com os povos que a falam.
“Este é o objetivo da Casa da Cidadania da Língua e da programação deste ano, que esperamos ser um ponto de partida para uma discussão continuada sobre o papel do saber, do conhecimento e da língua no futuro”, observou.
As festividades incluem diversas atividades culturais, destacando-se as residências literárias intituladas ‘Camões o Estrangeiro’, um projeto que os promotores classificam de inovador e onde participarão intelectuais de países africanos de língua oficial portuguesa, “promovendo uma leitura geográfica e cultural da língua portuguesa”.
De acordo com o comunicado, a primeira residência será inaugurada pelo premiado escritor brasileiro Tom Farias, “trazendo uma visão contemporânea sobre Camões e sua obra”.