A Associação Nacional de Cuidados Continuados (ANCC) denunciou esta quinta-feira a existência de dezenas de milhares de euros em dívida da Segurança Social a diversas instituições, algumas já com dificuldade em pagar salários aos funcionários.
Em declarações à Lusa, o presidente da ANCC, José Bourdain, disse que, sobretudo aquando da renovação de contratos de três em três anos da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados com as instituições, a Segurança Social chega a atrasar [os pagamentos] seis meses”.
“Gostava de perguntar o que é que seria dos políticos e o que seria dos funcionários públicos se estivessem seis meses sem receber”, lamentou o responsável, questionando: “Se estas instituições não recebem, como é que pagam salários e os custos do dia a dia?”.
José Bourdain contou ainda que o aumento do valor a pagar aos cuidados continuados para 2024 “também ainda não foi pago”.
“Estamos a falar de algumas dezenas de milhares de euros no total e, nalguns casos, em organizações de maior dimensão, estamos a falar de centenas de milhares de euros em dívida”, afirmou.
Como exemplo, apontou a instituição que dirige (Cercitop, em Sintra), que tem um atraso de quatro meses por parte da Segurança Social, e a informação que recebeu da Associação para o Desenvolvimento de Figueira (Penafiel), que se queixa de dificuldades já para o pagamento de salários do mês de Maio.
Na informação enviada por esta instituição à ANCC, a que a Lusa teve acesso, os responsáveis apontam “problemas na comparticipação financeira relativa ao acordo atípico da Casa Abrigo”.
Segundo o relato enviado pela instituição à Segurança Social, não só não foi regularizado “o diferencial que tinha ficado pendente relativo ao mês de Março”, como “voltaram a não pagar o valor actualizado para o ano de 2024”.
“Somando os dois meses (Março e Maio), falamos em mais cerca de 10.500 euros que ficam em falta para com a nossa instituição e que acrescem a outras situações pendentes que o ISS tem para com a nossa instituição”, explica a AD Figueira.
Na missiva, a AD Figueira ressalva que está a atingir “o limite do suportável” e diz que o pagamento dos vencimentos do próximo mês poderá estar em causa”.
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