A propósito do Dia Mundial da Terceira Idade, que se assinala no próximo domingo, dia 28, o diretor clínico do Instituto de Implantologia do Best Quality Dental Centers em Portugal, João Caramês, alerta para as insuficiências de zelo da saúde oral na população sénior portuguesa.
O professor catedrático explica que de acordo com dados europeus «a percentagem de pacientes com mais de 70 anos a requerer tratamentos dentários aumentou consideravelmente». Esta é uma conclusão obtida pelas «necessidades de reabilitação oral da população em geral», tendo sido estimado que «aproximadamente 21% dos pacientes candidatos a reabilitação oral com implantes tenha uma idade igual ou superior a 70 anos», esclarece João Caramês.
Segundo os dados recolhidos no III Barómetro da Saúde Oral estima-se que 68% dos pacientes portugueses tem falta de dentes, sendo que a maior parte destes tem 70 anos ou mais. Sobre os cuidados da sociedade portuguesa com a saúde oral, «a ausência de dentes naturais espelha uma realidade histórica sombria», afirma o especialista.
Durante várias décadas, em Portugal, o «acesso a cuidados primários e secundários, para a saúde oral, era muito reduzido». Associado ao limitado «número de profissionais capazes de um exercício clínico conservador e instruído», isto contribuiu para a atual realidade, «em particular nos pacientes mais idosos», segundo apontamentos do diretor clínico.
Atualmente melhores, mas longe do ideal
O especialista em implantologia acredita que a situação está melhor, mas refere que «a limitação económica da população continua a ser um dos principais obstáculos a uma melhor saúde oral, em particular na população idosa». Porém, considera essencial que a classe médica continue «a educar os pacientes para que fiquem sensibilizados da importância da saúde oral».
A ausência de dentes naturais tem várias consequências, como a perda de autoestima, o receio de sorrir, a perda significativa da função mastigatória, o que pode obrigar a um ajuste na dieta e em algumas situações conduz a malnutrição, problemas do sistema digestivo ou a um pior controlo da glicémia diabéticos.
João Caramês avisa também que as próteses removíveis podem minimizar algumas destas condições, «embora acabem por se tornar desadaptadas e desconfortáveis à medida que o maxilar e a mandíbula se vão atrofiando» e uma utilização prolongada vai «contribuir para uma insatisfação crónica do paciente».
Fomentar uma cultura de prevenção é a solução defendida pelo especialista que sugere «a realização de consultas de higiene oral e/ou visita ao seu médico dentista», com uma frequência nunca superior a seis meses mesmo sem queixas, que pode variar de acordo com «o perfil e os fatores de risco do paciente». No que diz respeito a tratamentos, João Caramês é da opinião de que, «tanto quanto possível, se deve optar por abordagens minimamente invasivas», para que se salvaguarde a saúde e a preservação dentária do paciente.