Jonathan Rauch, um jornalista americano com 58 anos, afirmou ao jornal britânico “The Guardian” que «a verdade pode ser mais interessante e muito mais encorajadora». No seu entender, o que a maior parte das pessoas acha que sabe sobre a crise da meia-idade, não passa de uma «noção baseada em mitos e estereótipos desatualizados».
Por volta dos 50 anos, a produtividade, criatividade e adaptabilidade conhecem um certo declínio. No entanto, psicólogos britânicos avançam que o ser humano ainda não atingiu o pico na meia-idade. A ideia da crise da meia-idade apareceu pela primeira vez num artigo do psicanalista Elliott Jaques em 1965 e ficou enraizada na cultura popular. Os psicólogos nunca encontraram evidências da mesma nas suas investigações, mas o mito da crise da meia-idade foi um conceito que ficou.
Muitas vezes, um certo mal-estar na meia-idade pode não ter razão aparente. Podemos até estar a passar por uma boa fase na vida profissional, mas algo em nós, como o querer sair da rotina, faz com que não consigamos estar bem. A precipitação de acharmos que um pequeno fator pode fazer com que nos sintamos infelizes existe, embora na verdade, estejamos apenas insatisfeitos com uma parte da nossa vida que podemos mudar.
Esta é uma realidade comum a todas as idades. No entanto, os especialistas apontam o normal processo de envelhecimento como o principal culpado para, a partir da dita “meia-idade”, ganhar uns tons mais “negros”.
“Aos 50 anos, os meus melhores anos já passaram”
Este é o pensamento vigente na sociedade contemporânea Uma realidade a que interessa «pôr fim, até porque não há evidências da sua existência», diz Jonathan Rauch.
Os estudos britânicos atestam até que o melhor da vida ainda pode estar por vir, pois «o envelhecimento deixa as pessoas mais positivas e equilibradas, por viverem menos stressadas». Os especialistas chamam a isto o efeito de positividade, que parece mesmo fornecer «alguma proteção emocional contra os efeitos negativos do declínio físico e problemas de saúde», acrescenta Rauch.
Em 2011, um estudo conduzido pela psicóloga Laura Carstensen, da Universidade de Stanford, concluiu que, ao contrário da visão popular de que a juventude é a melhor época da vida, «as descobertas atuais sugerem que o pico da vida emocional pode não ocorrer até a sétima década».