“Este ano, o Dia Mundial das Zonas Húmidas recorda-nos que a nossa saúde depende da saúde das zonas húmidas, porque as zonas húmidas são estas grandes maravilhas da natureza, sistemas perfeitamente equilibrados que desempenham funções absolutamente vitais para nós e para a natureza”, diz a propósito da efeméride que hoje se assinala a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e secretária-geral adjunta da ONU, Inger Andersen, avança a Lusa.
As zonas húmidas, diz numa mensagem na página oficial do dia mundial, armazenam água em tempos de seca, absorvem água quando há cheias, filtram os poluentes e ajudam a fornecer água potável.
Inger Andersen alerta para a degradação da água e crescente stress hídrico e apela para que as nações se mobilizem para a apresentação de soluções baseadas na natureza que protejam, restaurem e façam uma gestão sustentável das zonas húmidas. ”Porque a verdade é que o nosso bem-estar depende destes sistemas”, alerta.
Um alerta também de Qu Dongyu, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a propósito do dia que hoje se assinala. As zonas húmidas “estão a diminuir rapidamente devido ao impacto humano, agravado pela crise climática e pelo aumento da perda de biodiversidade, intensificando assim a crise da água e ameaçando a segurança alimentar e os meios de subsistência”.
O Dia Mundial das Zonas Húmidas celebra-se anualmente a 02 de fevereiro para comemorar a assinatura da “Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de Aves Aquáticas”, também conhecida como Convenção de Ramsar, a 02 de fevereiro de 1971 em Ramsar, no Iraque.
Musonda Mumba, secretária-geral da Convenção, considera que apesar dos múltiplos benefícios para os seres humanos estes continuam a danificar diariamente as zonas húmidas, que estão a ser destruídas por práticas agrícolas insustentáveis, e pela poluição, incluindo o plástico. E, destaca a responsável, à medida que as cidades crescem e a procura de terrenos aumenta, a tendência é para invadir as zonas húmidas, “que estão a desaparecer três vezes mais depressa do que as florestas”.
O dia pretende sensibilizar para a proteção das zonas húmidas e para a importância que têm, este ano com enfoque especial na ligação entre o bem-estar humano e a saúde daqueles ecossistemas.
Dados disponibilizados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que 35% das zonas húmidas desapareceram desde a década de 1970.
As zonas húmidas, áreas inundadas ou alagadas, incluem pântanos, charcos, lagos, rios e pauis. As costeiras incluem os estuários, os sapais, os mangais e até os recifes de coral. Viveiros de peixe, arrozais e salinas são zonas húmidas cridas pelo Homem.
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo ICNF, as zonas húmidas armazenam mais carbono do que qualquer outro ecossistema e protegem 60% da humanidade, ao longo da costa, de tempestades, furacões e tsunamis. Pradarias marinhas, mangais e sapais capturam carbono e sedimentos 55 vezes mais rápido do que as florestas tropicais.
O peixe capturado nessas zonas é a principal fonte de proteína para mais de mil milhões de pessoas, e os arrozais alimentam em cada ano 3,5 mil milhões de pessoas.
Além disso, cerca de 40% das espécies de plantas e animais do mundo dependem das zonas húmidas. E mesmo metade dos turistas internacionais procura as zonas húmidas, apoiando 266 milhões de empregos.