De acordo com o Patient Reported Indicators Surveys (PaRIS), o maior inquérito internacional aplicado a utilizadores de serviços de saúde, que a OCDE apresenta hoje em Lisboa, quase dois terços (61%) das pessoas com doenças crónicas em Portugal sentem-se confiantes para gerir a sua própria saúde, um valor ligeiramente acima da média da OCDE (59%).
Os dados indicam ainda que cerca de quatro em cada cinco (77%) falam em cuidados centrados na pessoa, ou seja, cuidados focados nas suas necessidades, um valor inferior à média da OCDE (85%), e sete em cada 10 (69%) doentes crónicos em Portugal dizem que os cuidados recebidos são de boa qualidade, igualmente abaixo da média da OCDE (87%).
Pouco mais de metade (54%) das pessoas com doenças crónicas em Portugal confiam no seu sistema de saúde, oito pontos percentuais abaixo da média da OCDE (62%).
O PaRIS indica ainda que, em Portugal, as pessoas com três ou mais doenças crónicas são menos propensas a reportar melhor saúde do que as pessoas com duas doenças crónicas. Este padrão, consistente com os resultados de outros países, “sublinha os encargos agravados com a saúde das pessoas com múltiplas doenças crónicas, enfatizando o impacto crescente que cada doença crónica adicional tem na sua saúde e bem-estar”, refere o relatório.
As pessoas que vivem com várias doenças crónicas em Portugal têm uma saúde física pior do que as que vivem com apenas uma doença crónica, com uma diferença de oito pontos, um padrão consistente com a média da OCDE.
No entanto, as pontuações de saúde física para pessoas com uma, duas ou três ou mais doenças crónicas em Portugal estão abaixo da média da OCDE.
O relatório da OCDE diz que Portugal apresenta características positivas nos cuidados primários, mas lembra que “a continuidade com o mesmo profissional (…) pode ainda melhorar”.
Metade das pessoas com duas ou mais doenças crónicas em Portugal dizem estar com o mesmo profissional de cuidados primários há mais de cinco anos, valor oito pontos percentuais abaixo da média da OCDE (58%).
O PaRIS, que abrangeu mais de 100.000 utentes em 1.800 unidades de cuidados de saúde primários em 19 países, revela as experiências de pessoas com mais de 45 anos nos centros de saúde, incluindo as que vivem com doenças crónicas como hipertensão, artrite, diabetes, doença cardíaca e cancro.
Em Portugal foram inquiridas mais de 12.000 utentes de 91 centros de saúde.
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