Localizada em Oeiras, no histórico complexo da Fábrica da Pólvora de Barcarena, a ESSATLA – Escola Superior de Saúde Atlântica foi estabelecida em 2001 como unidade orgânica da então Universidade Atlântica (atualmente, Atlântica – Instituto Universitário). A ESSATLA – Escola Superior de Saúde Atlântica acolheu cerca de uma centena de enfermeiros numa iniciativa que pretendeu dar conhecer boas práticas destinadas a otimizar os resultados das entidades de saúde a nível global.
A formação realizou-se no seguimento da parceria com a RNAO (Registered Nurses Association of Ontario), iniciada em 2016 e concretizada, agora, na integração da ESSATLA na rede Best Practice Spotlight Organization (BPSO). Conversámos com as professoras Isabel Rabiais e Helena José, sobre a importância desta formação no desenvolvimento da atividade de enfermagem.
Quando foi criada a ESSATLA – Escola Superior de Saúde Atlântica?
A Universidade Atlântica tinha no seu organograma, desde 2001 uma Unidade orgânica que integrava a Escola de Saúde. Em 2017, a Escola Superior de Saúde Atlântica (ESSATLA), tornou-se uma unidade autónoma e independente, gerida pela E.I.A. — Ensino, Investigação e Administração S.A., criada em 1993. Atualmente a ESSATLA conta com Helena José como presidente, que é simultaneamente a Coordenadora do Curso de Licenciatura em Enfermagem e do Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, na Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crónica.
Qual a sua missão e princípios fundamentais em que baseia a sua atividade?
A ESSATLA é um estabelecimento de ensino superior privado, orientado para a criação, a transmissão e a difusão da cultura, do saber, da ciência e da tecnologia. Tem como missão a formação de profissionais de saúde, no âmbito das licenciaturas e mestrados que disponibiliza na sua oferta formativa, bem como a realização de investigação, aplicada nas áreas da pedagogia, da intervenção e da inovação em saúde, em colaboração com entidades nacionais e internacionais.
À ESSATLA compete a concessão dos graus de Licenciado e Mestre e de títulos académicos e honoríficos e de outros certificados e diplomas, bem como a concessão de equivalências, creditação de habilitações académicas e profissionais. Os seus princípios orientadores, incidem sobre o desenvolvimento de atividade científica e cultural, artística e tecnológica, assegurando a pluralidade e a livre expressão de orientações e opiniões e a participação do corpo docente e discentes na vida académica comum, e subordina-se aos seguintes princípios gerais:
a) Princípio da excelência;
b) Princípio da educação permanente e da aprendizagem ao longo da vida;
c) Princípio da integração entre saberes humanistas, organizacionais e tecnológicos.
Perante a sociedade atual e todos os desafios de saúde que a ela se colocam, de que forma analisam a importância dos enfermeiros?
Os enfermeiros assumem uma responsabilidade determinante no sistema de saúde português e mundial, especialmente em desafios globais, como o envelhecimento populacional, a prevalência de doenças crónicas, e as crises de saúde pública, da qual é exemplo a pandemia que vivenciamos em 2020. Os enfermeiros, além da prestação direta de cuidados às pessoas, famílias e comunidades, também desempenham funções no âmbito da saúde pública, políticas de saúde, e em áreas como: docência, gestão, assessoria, investigação e liderança na implementação de práticas informadas pela evidência.
Como e quando surgiu a vossa parceria com a RNAO (Registered Nurses Association of Ontario) e em que consiste ela?
A parceria com a RNAO surgiu no âmbito da busca contínua da ESSATLA pela excelência na formação em enfermagem. Esse acordo foi estabelecido com o objetivo de trazer as melhores práticas internacionais para o ensino e a prática da enfermagem em Portugal. O momento exato dessa colaboração remonta a 2016, tendo sido efetuado, pela ESSATLA, trabalho neste domínio, culminado agora nesta formação e que vem dar a possibilidade do desenvolvimento de boas práticas internacionais no ensino e na prática de enfermagem na ESSATLA e no contexto português.
O reconhecimento de que a RNAO é uma referência global na definição de diretrizes baseadas em evidências para a prática de enfermagem, associada à possibilidade de ter uma equipa consistente para trabalhar em parceria, conduziu a este compromisso entre a ESSATLA pela EIA, agora em 13 de janeiro de 2025.
Este Convénio irá possibilitar a reintrodução de Best Practice Guidelines (BPGs) no currículo do Curso de Licenciatura em Enfermagem e nos Cursos de Mestrados em Enfermagem. A ESSATLA, pretende desta forma, capacitar estudantes de enfermagem, enfermeiros de cuidados gerais, mestres e enfermeiros especialistas, a utilizarem as melhores práticas na prestação de cuidados.
Pode explicar um pouco melhor qual a função desse organismo canadiano?
A Registered Nurses Association of Ontario (RNAO) é uma associação profissional que desde 1925, representa os enfermeiros registados e estudantes de Ontário, Canadá, a qual tem como finalidade contribuir para a excelência na prática de enfermagem, por meio da elaboração e disseminação de Best Practice Guidelines, que teve início em novembro de 1999. A RNAO, apresenta cerca de 52 diretrizes clínicas, as quais são desenvolvidas com base em evidências científicas e têm como objetivo melhorar os cuidados prestados aos clientes, aumentar a eficiência dos sistemas de saúde e fortalecer o impacto da enfermagem enquanto profissão e ciência.
Além disso, a RNAO desempenha um papel ativo na advocacia por políticas de saúde pública mais inclusivas, na capacitação de profissionais de enfermagem e no desenvolvimento de lideranças. Através de colaborações internacionais, como a estabelecida com a ESSATLA, a RNAO partilha o seu conhecimento e contribui para a melhoria contínua dos cuidados de enfermagem, indo ao encontro do preconizado pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses.
Apresentam agora uma formação concretizada na integração da ESSATLA na rede Best Practice Spotlight Organization. Em que consiste ela e quais os seus objetivos?
A Formação realizada na ESSATLA através do programa de designação BPSO, tem como objetivo apoiar a implementação das BPG a nível organizacional. Este Programa teve início em 2003, no Canadá e oferece uma oportunidade para as organizações receberem apoio da RNAO, na implementação e avaliação dos resultados de várias BPGs clínicas da RNAO.
Os objetivos do programa BPSO são:
• Estabelecer parcerias dinâmicas e de longo prazo, que permitam causar impacto nos cuidados com o cliente, através do apoio à prática de enfermagem baseada nas melhores evidências;
• Demonstrar estratégias criativas para integrar com sucesso as diretrizes das melhores práticas no currículo;
• Estabelecer e utilizar abordagens eficazes para avaliar o impacto da integração das BPG nos resultados dos estudantes;
• Identificar estratégias eficazes para a disseminação em todo o sistema da implementação e dos resultados das BPG.
Quantos profissionais integraram a formação?
Participaram estudantes da Licenciatura em Enfermagem (do 3º e 4º ano), docentes de enfermagem (Licenciatura e Mestrado), enfermeiros da prática clínica de entidades parceiras da ESSATLA, no âmbito da prestação direta de cuidados, da gestão e da liderança. No total a formação contou com 70 participantes.
A formação tem por base o “Best Practice Guidelines (BPGs)”. Quais são essas boas práticas?
Assumimos implementar quatro BPG’s:
• Person-and Family-Centred Care;
• Transitions in Care and Services;
• Primary Prevention of Childhood Obesity;
• Preventing Falls and Reducing Injury from Falls.
Destinam-se apenas aos enfermeiros ou a outros profissionais de saúde?
Tendo por base os objetivos do programa, podemos assumir, que os principais destinatários são os enfermeiros, porém a implementação do programa permitirá promover o desenvolvimento do conhecimento também a nível interdisciplinar.
Em que categorias se dividem as BPGs?
As BPGs integradas na RNAO, abrangem nove categorias:
• crianças e jovens;
• clínica;
• equidade, diversidade e inclusão;
• sistema de saúde;
• ambiente de trabalho saudável;
• saúde mental e uso de substâncias;
• idosos;
• saúde da população.
É esta a primeira formação nesse âmbito? Planeiam repetir a iniciativa?
A ESSATLA reúne atualmente as condições necessárias para a integração completa do programa, que teve início no dia 13 janeiro de 2025, pelo que consideramos ser esta a primeira formação.
As BPSOs comprometem-se com um período de pré-designação de BPSO de três anos. Durante este período, é estabelecida uma parceria formal e as organizações BPSO concentram-se em melhorar a sua prática de enfermagem informada pela evidência e cultura de tomada de decisão, com o mandato de implementar e avaliar várias diretrizes de prática clínica. No final do período de três anos, e assumindo que todos os objetivos são cumpridos, as organizações BPSO passam a ser “BPSOs designadas”. Como BPSOs designadas, as organizações centram-se na sustentabilidade e comprometem-se a continuar a implementação e avaliação das diretrizes de boas práticas na sua organização e no sistema. A designação BPSO é
renovável de dois em dois anos. Nessa continuidade, sim, teremos outros momentos formativos.
