A pandemia provocada pela Covid-19 gerou uma era de enorme ansiedade e preocupação. A incerteza relativa ao nosso futuro e às características deste novo vírus acabou por “agitar” por completo a nossa realidade e quebrar as nossas rotinas mais confortáveis.
“E se eu for despedido?”, “E se apanhar o vírus no supermercado?”, “Será que é seguro os miúdos irem para escola?”, “O que vai acontecer aos meus pais e familiares mais envelhecidos?”. Estes são apenas alguns dos exemplos de questões que têm assombrado as nossas vidas no último ano.
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O ser humano tem uma tendência natural para se preocupar com o futuro e imaginar eventos desastrosos. É um instinto de sobrevivência pensado para nos proteger, mas que acaba inevitavelmente por nos desgastar emocionalmente.
Muitas vezes as nossas preocupações razoáveis e compreensíveis acabam rapidamente por se transformar em pensamentos destrutivos que apenas se focam em futuras potenciais ameaças que escapam por completo ao nosso controlo.
Felizmente existem algumas estratégias que podem ajudar a identificar estes momentos e a fazer a diferenciação entre uma tentativa de resolver um problema ou uma preocupação desnecessária. Um bom hábito que pode seguir passa por colocar a si mesmo as seguintes questões sempre que se começar a sentir mais preocupado e ansioso relativamente ao futuro.
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“É sequer provável que isto possa acontecer?”
De forma a protegermos mais eficazmente o nosso bem-estar devemos ser capazes de nos concentrar nas coisas que podem realmente acontecer. Infelizmente é fácil distrairmo-nos e acabarmos por despender demasiada energia em situação pouco prováveis. Deve ser capaz de identificar estas situações e gentilmente “afastar” esses pensamentos da sua mente.
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“Isto é algo para o qual eu me possa preparar ou evitar de todo?”
É essencial que consiga aprender a não se preocupar tanto com situações que fujam por completo ao seu controlo. A sua atenção mental apenas deve ser dedicada às questões que possam beneficiar com a sua ação/preparação. Caso contrário, não vale a pena desperdiçar a sua energia.
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“Passar mais tempo a pensar sobre este problema vai ajudar a resolvê-lo?”
Quando um filho fica pela primeira vez com febre pode ser útil consultar um médico e pesquisar na internet algumas soluções ou informações adicionais. Todavia passar as próximas 6 horas a pesquisar sobre este tema não irá certamente ajudar o dobro do que se pesquisar apenas 3 horas. Saiba reconhecer quando está a dispensar energia excessiva, sem qualquer propósito real.
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“Estou a tentar resolver um problema ou simplesmente a evitar incerteza?”
Preocupamo-nos com inúmeras coisas simplesmente porque não sabemos lidar bem com tudo aquilo que é incerto. Queremos limitar ao máximo o desconhecido, no entanto isso – tal como a pandemia provou – nem sempre é possível. Quanto mais tempo desperdiçarmos a procurar respostas para problemas que não têm soluções mais frustrados e miseráveis nos iremos sentir. Aceite a incerteza e foque a sua atenção antes em problemas que consiga resolver.
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“Não agir irá comprometer o valor da minha vida?”
Quando temos medo da rejeição podemos fazer coisas que diminuem consideravelmente a nossa preocupação ou risco de sofrer, como cancelar um próximo encontro por exemplo. Sendo certo que esta decisão vai evitar a possibilidade de sermos rejeitados, a verdade é que irá também impedir-nos de poder eventualmente estabelecer uma relação romântica e valiosa com outro ser humano. As nossas tentativas de diminuir a preocupação nunca nos podem impedir de avançar a nossa vida em direções novas. Reconheça que é possível sentir preocupação e mesmo assim agir. Apenas assim podermos garantir que a nossa vida não fica estagnada e que conseguimos encontrar gratificação.