É universalmente aceite que o otimismo é uma das melhores e mais celebradas qualidades humanas. Os estudos parecem confirmar que estas pessoas apresentam uma melhor saúde física e mental, uma maior resiliência, melhor carreira e vida pessoal quando comparado com indivíduos mais pessimismo.
Todavia nos últimos anos têm sido explorados os benefícios daquilo que a psicóloga Julie Norem intitula de “pessimismo defensivo”. Esta é uma estratégia cognitiva que passa pela definição de expectativas baixas e pelo contemplar dos cenários mais negativos. Segundo a especialista, o facto de não criarmos grandes expectativas contribui para uma maior capacidade de gerir a ansiedade e ganhar uma sensação de controlo.
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Existem assim muitas conceções erradas relativamente a estas duas perspectivas de vida. Descubra agora alguns dos principais mitos associados ao otimismo e ao pessimismo.
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Uma pessoa ou é pessimista ou é otimista
Isto simplesmente não corresponde à verdade. As perspectivas que temos variam muito dependendo do tema, contexto e da situação. Podemos, por exemplo, ser muito otimistas no que diz respeito à nossa vida pessoal e extremamente pessimistas em relação ao nosso trabalho.
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Uma pessoa já nasce otimista
Sendo certo que a nossa genética e o nosso ambiente social determinam bastante a forma como encaramos as experiências mais negativas, a verdade é que é possível ajustar estas conceções ao longo da nossa vida. A terapia cognitiva, em particular, pode ser importante para nos ajudar a olhar para as situações de formas diferentes, mais positivas.
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Ser otimista é sempre melhor do que ser pessimista
Nem sempre. Diversos estudos têm comprovado a forma como alguns pessimistas defensivos acabam por evidenciar uma performance tão boa (ou melhor) do que os otimistas. Uma pessoa bem-ajustada será capaz de compreender que a vida é feita de equilíbrio e que devemos ser capazes de experienciar tanto as emoções positivas como as negativas com naturalidade.
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Os pessimistas têm uma maior tendência para ficar deprimidos
Em termos gerais isto pode até ser verdade. No entanto, este tema é algo mais complexo. O que realmente aumenta consideravelmente o risco de depressão é quando o pessimismo é combinado com uma falta total de esperança. Ou seja, quando os indivíduos não sentem que têm qualquer controlo sob as suas circunstâncias.
Neste sentido, os pessimistas defensivos acabam por evitar este fenômeno. Estão concentrados em tornar as coisas melhores, concretizar coisas e evitar sofrimentos. Já os pessimistas mais fatalistas, não acreditam poder fazer nada para alterar as suas circunstâncias, entrando desta forma numa espiral depressiva.
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Não existe nenhum ponto negativo associado ao otimismo
No momento, o otimismo parece-nos sempre a decisão certa pois é algo fortemente relacionado com sentimentos de felicidade. Todavia quando avaliamos a forma como estas pessoas encaram e antecipam o seu futuro podem ser identificados alguns riscos. Um pessimista nunca se surpreende quando algo corre mal; já um otimista pode acabar por ser fortemente surpreendido. Um resultado negativo inesperado é gerido de uma forma bem menos saudável. Quando apenas esperamos que tudo corra bem, podemos facilmente acabar continuamente desiludidos. Um excessivo otimismo pode ainda contribuir para uma desmesurada autoconfiança que acabe por ignorar certos riscos ou erros.
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Um pessimista não pode ser feliz
Isto é falso. A conceção de felicidade é algo bastante variável e subjetivo. Os pessimistas defensivos são certamente capazes de encontrar momentos de felicidade e apreciar as melhores coisas da vida. No entanto este não é o seu foco. Estão sempre mais preocupados em tentar alcançar os seus objetivos e evitar arrependimentos. Ao reconhecerem esta predisposição para uma maior ansiedade irão depois ser capazes de encontrar estratégias que permitam lidar melhor com o problema e aumentar a sua felicidade geral.