Os resultados do estudo foram divulgados por Cristina Portugal, do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde (DGS).
“A probabilidade de quem adere a um rastreio e tem um teste positivo é de 3,1% e o risco de uma pessoa que, mesmo fazendo o seu rastreio de base populacional, tem de vir a ter um cancro do cólon e reto é 0,05%”, disse Cristina Portugal, ressalvando que “é uma análise limitada”.
O estudo decorreu na região Norte, por ter “a maior expressão em termos de atividade do rastreio do cancro do cólon e reto”, e analisou os dados da atividade do rastreio nesta região entre 2018 e 2021 com informação sobre todas as pessoas convidadas que aderiram ou não aderiram ao exame.
Estes dados foram cruzados com a informação do Registo Oncológico Nacional (RON) de “uma forma não automática” sobre os diagnósticos de cancro do cólon e reto processados neste período de tempo e com a indicação se tinham feito ou não o rastreio.
Neste período, foram enviados 791.613 convites, 36% dos quais foram rastreados, o que equivale a 285.797 utentes. Destes, 6,5% apresentaram teste de rastreio primário positivo, 6,06% tiveram teste inconclusivo e os restantes 93% tiveram teste primário negativo.
A análise verificou que dos 6,5% utentes que tiveram teste primário positivo, 0,2% foram diagnosticados com cancro do cólon e reto, o correspondente a 576 diagnósticos registados no Registo Oncológico Nacional. “Relativamente aos 1.698 testes inconclusivos, nenhum deles apresentava nenhum diagnóstico de cancro do cólon e reto”, disse Cristina Portugal.
O estudo também analisou os “cancros de intervalo”, disse, explicando que são os utentes que aderiram ao rastreio, que tiveram um teste primário negativo e que foram diagnosticadas com cancro do cólon e reto nos 24 meses subsequentes, tendo concluído que esta situação foi verificada em 0,05% destas pessoas.
Para Cristina Portugal, “é importantíssimo que os rastreios passem a ter uma integração com o Registo Oncológico Nacional”, para se perceber “o verdadeiro impacto” do que se deteta nos rastreios e o que se passa com os doentes quanto têm testes primários positivos ou testes secundários positivos e são referenciados para o hospital.
“É muito importante que se faça a integração das duas plataformas (…) para que estas coisas possam sair automaticamente. Que o RON possa ter informação sobre o que se passa a nível dos rastreios e que depois as pessoas que fazem a monitorização e acompanhamento dos rastreios consigam ter informação relativamente àquilo que se passa no registo oncológico”, sustentou.
Avançou ainda que o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas pretende alargar este estudo a todos os programas de rastreio oncológico e a todas as regiões do país.
LUSA