O dstgroup anunciou hoje que vai promover a iniciativa literária “dst – vivos nas livrarias”, um projeto pioneiro e inédito a nível nacional, cujo objetivo principal é, mensalmente, levar autores portugueses a lerem contos das suas obras nas livrarias que resistem nas cidades de todo o país. O projeto dinamizado pela Associação Palavrão conta com a curadoria de Jacinto Lucas Pires e será lançado no âmbito do primeiro Festival Literário da cidade de Braga, o Utopia.
A esta grande ambição de fundar uma tradição de leituras públicas em Portugal, o dstgroup quer juntar o apoio a escritores e a livrarias independentes, contribuindo, assim, para a descentralização da cultura.
“Nada se equipara a um livro, a um conto bem escrito, a uma história bem contada. A nossa iniciativa pretende apoiar estas livrarias, que ainda sobrevivem, num mundo cada vez mais digital. Queremos levar a magia do som dos livros aos leitores e nomeadamente aos jovens leitores para que se leia com paixão e oportunidade de salvação, para poder seduzir quem lê com as vidas dos personagens dos romances, a sabedoria dos filósofos e o encantamento dos poetas. Aceitamos começar pelos contos. Acreditamos que funcionará porque a pesca de leitores depende da escolha das redes e quando o leitor é pescado, ficará mais livre e ficará leitor para sempre”, esclarece José Teixeira, presidente do dstgroup.
Durante uma “temporada” do projeto, serão levados 22 escritores e 11 moderadores a diferentes livrarias independentes de norte a sul do país. De Braga a Évora, do Algarve à Beira Interior, haverá leituras de diferentes contistas a provar que o conto, afinal, é um género maior — vozes originais, únicas, inspiradoras.
“Queremos fundar uma tradição com a leitura de contos em público, a par do que já vai acontecendo noutros países como o Reino Unido, a Alemanha e os Estados Unidos, onde os escritores leem regularmente as suas obras em público. Esta é uma oportunidade de a literatura se cruzar também com a cidade, de o íntimo se cruzar com o público e de as palavras ganharem um movimento novo, maior, partilhável”, assegura o curador Jacinto Lucas Pires.
As primeiras sessões avançam já a 4 e a 8 de novembro, pelas 18 horas, na livraria Centésima Página, em Braga, com participações especiais de Rui Manuel Amaral e Ana Cláudia Santos, respetivamente.
“Depois dos isolamentos forçados pela pandemia, este tipo de iniciativas ainda parece mais necessário, ainda mais urgente, até porque, como a pandemia veio revelar, o confinamento antes de o ser já o era. A literatura é que é a melhor “tecnologia” de teletransporte: dá-nos a possibilidade de ser outros, de saltar mundos, de ver a realidade de outro lado”, reforça o escritor Jacinto Lucas Pires.
A iniciativa também surge como uma possibilidade de os escritores darem a conhecer o que escrevem, na primeira pessoa, sendo que, do lado dos leitores, é uma oportunidade única de conhecerem a voz por trás da escrita, da história e dos personagens.
Por outro lado, “as sessões são ainda um modo de se conversar sobre o que acontece nos textos com conhecimento de causa: a quente, com as imagens ainda mal desfeitas no espaço da leitura, no ar em volta”, conclui o responsável do grupo bracarense.
De ressalvar que o dstgroup é um dos mecenas do Festival Utopia que decorre de 2 a 12 de novembro em vários pontos da cidade de Braga. Para além do lançamento desta iniciativa – “dst – vivos nas livrarias” – é ainda promotor de mais dois momentos imperdíveis, ambos a acontecer no dia 11 de novembro. O primeiro decorrerá no Espaço Vita e será uma oportunidade imperdível de assistir a uma sessão com um dos maiores pensadores, filósofos e teóricos da atualidade, Gilles Lipovetsky; seguindo-se um concerto no Theatro Circo com Mallu Magalhães, a terminar num after party com DJ Amadeu Clasen e Monte, no Oboé.