A ginástica abdominal hipopressiva, ou método hipopressivo, foi criada pelo fisioterapeuta belga Marcel Caufriez, e, além de melhorar a estética, também é indicada para a reabilitação pós-parto e disfunções relacionadas com o abdómen. Este tipo de ginástica, que começou a ganhar mais visibilidade na Europa desde o ano 2000, já existe, na realidade, desde os anos 80, altura em que o seu criador estudava e trabalhava na área da recuperação de mulheres no pós-parto. Doutorado em Ciências da Motricidade, Marcel Caufriez criou práticas como o método hipopressivo, o Periparto, a Neuromiostática Visceral e a Fisiosexologia, que servem de referência aos profissionais de saúde na área da reabilitação.
A ginástica abdominal hipopressiva consiste num conjunto de exercícios que têm como finalidade o fortalecimento e definição do abdómen. Além de permitirem modelar a barriga e a cintura, servem também para combater problemas de saúde causados pelos abdominais comuns que praticamos no dia-a-dia, como dores nas costas, incontinência urinária e fecal, falta de postura corporal, prolapso genital e o mau funcionamento intestinal, entre outros.
Os exercícios abdominais comuns fazem com que aumentemos a pressão na barriga, devido à contração do abdómen e posterior bloqueio da respiração. Como resultado, podem ocorrer além dos já referidos, problemas de descida dos órgãos, enfraquecimento do abdómen, postura corporal, além de dores nas costas.
Com os abdominais hipopressivos a pressão na barriga não aumenta e, por isso, estes problemas são evitados.
A ginástica abdominal hipopressiva foi recentemente introduzida no Instituto Médico Privado do Porto. Nuno Palas, médico nutricionista e diretor da clínica, explica as razões que levaram à abertura desta nova unidade: «Ao longo destes 14 anos de prática clínica, na área do emagrecimento, reparava que mesmo em casos de sucesso em perda de peso e de gordura abdominal, subsistia alguma insatisfação por parte das pessoas por manterem uma certa proeminência abdominal. Esta proeminência não resultava do peso, nem da gordura em excesso. Anos mais tarde tomei conhecimento desta técnica de exercícios, mais utilizada na área terapêutica de problemas de coluna, incontinência e outras, e percebi que tinha encontrado a solução para a questão abdominal. Os resultados dos nossos clientes têm sido muito satisfatórios, com diferenças evidentes em curtos espaços de tempo.»
No entanto, Nuno Palas esclarece que este método é um complemento e «não contribui diretamente para o emagrecimento, apesar de assim parecer devido aos seus resultados estéticos. Esta modalidade é composta por exercícios respiratórios e de alongamento postural, que vão permitir uma redução do perímetro abdominal, entre muitos outros benefícios».
Relativamente a limitações para a prática deste tipo de ginástica, Nuno Palas refere que «qualquer pessoa saudável pode praticar, em qualquer idade. No entanto, algumas patologias devem ser consideradas e os exercícios adaptados, daí a avaliação inicial ser obrigatória. Pessoas com doenças cardíacas graves (insuficiências cardíacas) e pulmonares são as únicas que ficam excluídas».
Sara Maia, fisioterapeuta do Instituto Médico Privado do Porto, refere que este tipo de ginástica não se limita a ser útil na área da estética: «É indicada também em casos de pós-parto, incontinência urinária ou outra situação em que seja necessária a ativação e reeducação do músculo abdominal (pós-operatórios, por exemplo).» No caso de pessoas com mais de 50 anos, a ginástica hipopressiva pode ajudar em condições clínicas como «o aparecimento de hérnias inguinais ou mesmo a fraqueza do pavimento pélvico (músculo que suporta as nossas vísceras), que pode levar a perdas de urina. Estes são os problemas mais comuns que surgem com a idade e em que a ginástica hipopressiva pode ajudar».
Na componente estética, a ginástica abdominal hipopressiva «pode e deve ser integrada num tratamento para perda de peso, quando existe gordura abdominal ou quando o objetivo é apenas diminuir a distensão abdominal, sem perda de peso», esclarece Nuno Palas. «Porventura, nestes casos, ter uma alimentação adequada será ainda mais importante, porque terá como objetivo evitar tudo que torne o abdómen mais dilatado. O trânsito intestinal deve ser o mais regular possível, para que se perceba se existem hipersensibilidades alimentares que promovam inflamações intestinais e consequentes dilatações abdominais.»