O corpo humano envelhece continuamente ao longo da vida, mas isso não acontece de forma sincronizada: alguns órgãos podem envelhecer mais cedo ou mais tarde do que outros.
De acordo com os especialistas, o envelhecimento dos órgãos depende de vários fatores, por exemplo, órgãos com um metabolismo mais acelerado, como coração, fígado ou rins, geralmente são expostos a um stress maior e podem envelhecer mais depressa.
Os fatores ambientais também influenciam no processo, por exemplo, se a pele e os pulmões forem expostos a forte radiação UV, fumo ou poluição ambiental, envelhecem mais depressa. Além da genética, a capacidade regenerativa, ou seja, a capacidade de curar a si mesmo, também desempenha um papel importante. O sistema nervoso central, por exemplo, só se pode regenerar de maneira limitada.
Para determinar a idade real dos órgãos, antes era necessário extrair amostras de tecido. Mas investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram um exame de sangue muito simples e barato que pode determinar a idade real de onze órgãos importantes, como coração, rins, cérebro, pulmões e fígado, com base em determinados grupos de proteínas no sangue.
«Podemos estimar a idade biológica de um órgão numa pessoa aparentemente saudável. Isso, por sua vez, prevê o risco de uma pessoa ter doenças relacionadas a esse órgão”, disse o autor sénior do estudo, Tony Wyss-Coray, professor de neurologia, em comunicado.
O estudo, publicado na revista científica Nature, mostrou que os órgãos envelhecem em ritmos diferentes – e quando a idade de um órgão é especialmente avançada em comparação com a do seu homólogo de outras pessoas da mesma idade, a pessoa que o transporta tem um risco mais elevado de morte e de desenvolver doenças associadas a esse órgão. Os pesquisadores descobriram também que cerca de um em cada cinco adultos razoavelmente saudáveis com 50 anos ou mais apresenta pelo menos um órgão envelhecendo a um ritmo fortemente acelerado.
São analisadas proteínas específicas dos órgãos no sangue. Após a recolha de sangue, um algoritmo baseia-se nas proteínas encontradas para determinar a idade da pessoa testada e a idade dos onze órgãos mais importantes. Ao analisar dados de 5.676 adultos de diferentes faixas etárias, os investigadores descobriram que quase 20% da população apresenta envelhecimento mais acelerado de um órgão. A análise também mostrou que o envelhecimento precipitado dos órgãos aumenta o risco de mortalidade de 20% a 50%. Pessoas com um coração envelhecido têm um risco 250% maior de sofrer insuficiência cardíaca. Foi também demonstrado que o envelhecimento acelerado do cérebro e dos vasos sanguíneos é responsável pela rápida progressão da doença de Alzheimer.
Ao ter conhecimento da idade dos órgãos é possível aplicar tratamentos e medidas preventivas de modo a evitar ou a retardar a progressão do seu envelhecimento. Medicamentos que influenciam o metabolismo, bem como suplementos alimentares, como antioxidantes que reduzem os danos causados pelos radicais livres, por exemplo, podem ser usados para desacelerar o envelhecimento.
Para muitos cientistas, as abordagens promissoras da medicina regenerativa e na terapia com células-tronco podem ser usadas para reparar ou regenerar tecidos danificados ou envelhecidos.