Estes insetos, que não transmitem doenças mas que se alimentam de sangue humano, acompanham-nos há cerca de 60 mil anos.
A descoberta foi feita por investigadores da Virginia Tech, nos Estados Unidos, que analisaram os genomas de duas linhagens distintas de percevejos: uma que se manteve associada aos morcegos e outra que passou a alimentar-se de humanos. Os dados genéticos revelam que, enquanto a população associada aos morcegos diminuiu com o tempo, a que passou a acompanhar os humanos cresceu e prosperou.
«O mais fascinante foi perceber que a linhagem associada aos humanos recuperou e aumentou a sua população efetiva ao longo do tempo», explicou Lindsay Miles, investigadora principal do estudo. «Isto está diretamente relacionado com a evolução dos humanos modernos e a sua mudança para ambientes urbanos».
Os percevejos, em particular as espécies Cimex lectularius e Cimex hemipterus, estabeleceram-se como pragas urbanas quando os humanos começaram a abandonar as grutas e a formar comunidades permanentes. A investigação indica que a proximidade física entre humanos e insetos foi essencial para o desenvolvimento desta relação parasitária duradoura.
Além das implicações históricas, o estudo também ajuda a explicar a notável resistência dos percevejos aos inseticidas. Os cientistas identificaram uma mutação genética que tornou estes insetos imunes ao DDT, substância outrora amplamente utilizada no controlo de pragas. Apesar de inicialmente eficaz, o DDT perdeu utilidade em poucos anos, após o aparecimento de populações resistentes.
Nas últimas décadas, fatores como o aumento das viagens internacionais e a densificação das zonas urbanas contribuíram para um ressurgimento global destes parasitas. Na Austrália, por exemplo, estima-se que as infestações tenham aumentado 4.500% num só ano, em 2006.
O estudo reforça a ideia de que os percevejos não são apenas um incómodo moderno, mas sim uma praga profundamente enraizada na história da evolução humana. «A sua trajetória demográfica está intimamente ligada à dos humanos modernos, o que faz dos percevejos a primeira verdadeira praga urbana conhecida», concluem os autores.