Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) estão a trabalhar num novo fármaco “mais eficiente e com menos efeitos secundários” para a doença de Parkinson, foi esta quinta-feira revelado.
Em comunicado, a FCUP afirma esta quinta-feira, em que se assinala o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, que os investigadores acreditam que o novo fármaco terá “menos efeitos secundários do que os atualmente usados”.
A doença de Parkinson resulta da perda de neurónios que produzem um importante neurotransmissor – dopamina – que é responsável por processos fisiológicos como a memória, emoções, controlo de movimento.
Os fármacos atualmente usados têm como principal objetivo aumentar a produção de dopamina no sistema nervoso central.
“No entanto, ao longo dos anos, estes medicamentos perdem eficácia, havendo necessidade de administrar doses mais elevadas, o que resulta em efeitos secundários que, em muitos casos, podem até exacerbar os sintomas da doença”, destaca a FCUP.
Para reverter esses efeitos, os investigadores focaram-se na modulação dos recetores de dopamina e estão a desenvolver em laboratório “análogos de um neuropéptido”, nomeadamete da melanostatina.
Descoberta nos anos 1970, a melanostatina existe naturalmente no organismo, tendo sido comprovado em ensaios clínicos a sua atividade anti-Parkinson.
O objetivo dos investigadores é tornar a melanostatina “um candidato a fármaco, com maior estabilidade biológica e absorção ao nível gastrointestinal melhorada”.
Citado no comunicado, o investigador do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) da FCUP, Ivo Dias, salienta que “um dos três aminoácidos que compõem esta substância [melanostatina] pode ser modificado a nível estrutural sem prejudicar a atividade moduladora dos recetores da dopamina”.
Esta modificação já permitiu aos investigadores alcançarem “resultados promissores”, ao verificarem que os compostos desenvolvidos em laboratório “não só são mais eficientes, como também não apresentam toxicidade em células neuronais”.
“Verificámos que alguns dos nossos análogos são ainda mais potentes do que a melanostatina, conseguindo ativar os recetores a uma concentração ainda mais baixa de dopamina”, refere o investigador.
Nesta nova abordagem, os efeitos secundários “são muito reduzidos porque a melanostatina não tem atividade na ausência de dopamina”.
Os investigadores pretendem entretanto realizar ensaios com modelos ‘in vivo’ para testar o potencial terapêutico da solução desvendada em diferentes espécies animais.
A investigação é desenvolvida no âmbito do projeto DynaPro, que termina este ano e é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Face aos resultados, os investigadores tencionam apresentar um pedido de patente.
Liderado pelo LAQV-REQUIMTE, o projeto integra investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do País Basco e das Faculdades de Farmácia da Universidade do Porto e da Universidade de Santiago de Compostela.
Lusa