Existem aos milhares, produzem mais carne com menos recursos e fornecem nutrientes como proteína, hidratos de carbono ou cálcio. Os insetos e as algas podem ser uma alternativa alimentar a que os portugueses ainda não estão habituados, mas que alguns admitem poder vir a incluir na alimentação.
As respostas têm origem num inquérito europeu sobre a aceitação de abordagens inovadoras na produção de aves de capoeira, comissionado ao abrigo da iniciativa EIT Food, que pretende incentivar a inovação alimentar na Europa, com a nossa congénere Altroconsumo (Itália) e a Universidade de Torino. Participámos nesta iniciativa em conjunto, também, com as congéneres Test-Achats (Bélgica) e OCU (Espanha). Os participantes incluíram cidadãos da Bélgica (1024 pessoas), Itália (1018), Portugal (1000) e Espanha (937), com idades entre os 18 e os 74 anos.
O inquérito em maio de 2018 também incluía perguntas sobre o consumo de insetos ou de produtos feitos com derivados de insetos (por exemplo, pão feito com farinha de grilo).
À pergunta “alguma vez comeu insetos ou produtos feitos com derivados de insetos?”, 6% dos portugueses inquiridos respondeu que tinha comido insetos e 3% que tinha consumido produtos com derivados dos mesmos.
Quando questionados se gostaram, 22% dos portugueses que provaram insetos e 25% dos que provaram os produtos derivados responderam ter gostado bastante do sabor.
Do total de portugueses inquiridos, 94% nunca provaram insetos, mas 49% admitem estar disponíveis para experimentar. Dos 97% portugueses inquiridos que nunca provaram produtos derivados de insetos, 60% revelou estar aberto a tentar.
Ao nível de conteúdo proteico, quando se comparam insetos com as tradicionais fontes proteicas como a carne e o pescado, por exemplo, a percentagem de proteínas nos insetos pode rondar os 48% (no caso do gafanhoto), enquanto no peixe e na carne este valor atinge cerca de 20 por cento.
As minhocas são consideradas bastante nutritivas. Cem gramas podem cobrir boa parte das nossas necessidades diárias nalguns minerais, pois cobrem 20% das necessidades em cálcio, 25% em potássio, 40% em magnésio, 80% em fósforo, 100% no caso do cobre, 120% em zinco e 400% em ferro.
Desde 2015, a União Europeia simplificou a legislação relativa a novos alimentos. Segundo as novas regras, os novos alimentos vão ser sujeitos a um processo de avaliação e autorização harmonizado ao nível da União Europeia.
Desenvolvidos a partir de novas tecnologias ou processos de produção e tradicionalmente consumidos fora da União Europeia, os novos alimentos incluem, por exemplo, insetos, fungos, algas, microrganismos e alimentos constituídos por nanomateriais artificiais.
Inquérito ao abrigo da EIT Food
A EIT Food é a principal iniciativa de inovação alimentar da Europa, com o objetivo de criar um setor de alimentos sustentáveis e prontos para o futuro. É composta por um consórcio de empresas-chave do setor, startups, centros de pesquisa e universidades de toda a Europa. É uma das seis Comunidades de Conhecimento e Inovação (KIC) criada pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), um organismo independente da UE criado em 2008 para promover a inovação e o empreendedorismo.
Um dos objetivos da EIT Food é colaborar com os consumidores para desenvolver novos conhecimentos, produtos e serviços baseados na tecnologia que acabarão por proporcionar um estilo de vida mais saudável a todos os cidadãos europeus.
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