Um sistema de inteligência artificial chamado iSeg está a transformar a oncologia de radiação ao delinear automaticamente tumores pulmonares em 3D, mesmo quando estes se deslocam com cada respiração do paciente. Desenvolvido por uma equipa de cientistas da Northwestern Medicine, esta tecnologia promete acelerar o planeamento do tratamento e reduzir falhas críticas que podem pôr vidas em risco.
O processo tradicional de segmentação tumoral, que consiste em mapear com precisão o tamanho e a localização do tumor para aplicar radiação de alta dose que destrua as células cancerígenas sem danificar o tecido saudável, é manual, demorado e sujeito a variações entre médicos, podendo deixar áreas importantes por tratar.
Treinado com milhares de exames realizados em nove hospitais, o iSeg demonstrou corresponder à perícia dos especialistas e, em alguns casos, detectar zonas cancerígenas que tinham sido negligenciadas. Esta capacidade pode ser determinante para evitar resultados clínicos piores.
Ao contrário de outras ferramentas de IA que analisam imagens estáticas, o iSeg é o primeiro sistema de aprendizagem profunda em 3D a segmentar tumores pulmonares em movimento — um fator essencial para o planeamento eficaz da radioterapia, da qual metade dos doentes oncológicos nos EUA beneficia.
O estudo, publicado na revista npj Precision Oncology, destaca que o iSeg não só padroniza a análise entre hospitais diferentes como também identifica regiões de elevado risco que alguns médicos poderão não reconhecer. Para o professor Mohamed Abazeed, responsável pela equipa e especialista em oncologia de radiação na Northwestern University Feinberg School of Medicine, esta inovação aproxima os tratamentos oncológicos da precisão ideal.
A equipa está já a testar o sistema em ambientes clínicos, integrando funcionalidades como o feedback dos utilizadores e a expansão para outros tipos de cancro, incluindo fígado, cérebro e próstata. O objetivo é também adaptar a tecnologia a outros métodos de imagem, como ressonância magnética (MRI) e tomografia por emissão de positrões (PET).
O investigador Troy Teo prevê que o iSeg poderá ser implementado em prática clínica dentro de poucos anos, oferecendo uma ferramenta fundamental para uniformizar e melhorar o tratamento oncológico, especialmente em locais com menos acesso a especialistas.