A reforma pode parecer um momento avassalador. Num momento, abandonamos décadas de longas horas diárias de trabalho, para finalmente termos o nosso merecido descanso. A vida muda para sempre, num instante, mês ou semana. Esta transição pode ser extremamente complicada sobretudo porque obriga a uma mudança radical de hábitos e mentalidade.
Se pudesse não preferia ir preparando este momento, com antecedência e calma?
A verdade é que cada vez mais pessoas tem escolhido esta estratégia de adoptar uma reforma gradual, lenta, que permita ir ajustando a carga de trabalho à medida que se vão aproximando do momento final de reforma. Menos horas de trabalho, menos tarefas exigentes, mais satisfação – este é o objetivo de muitas pessoas que se encontram no mercado de trabalho já com mais de 50 anos.
Segundo um estudo do Transamerica Center for Retirement Studies, 62% dos trabalhadores americanos pertencentes à geração X e 68% dos Baby Boomers afirmam querer fazer uma transição gradual até à reforma. De acordo com Daniel R. Hill (especialista americano em planeamento de reformas), uma redução da exigência das horas de trabalho “é uma forma inteligente de continuar a estar ativo ao mesmo tempo que prepara a próxima fase da sua vida”
Existem, no entanto, algumas coisas que deverá considerar com atenção, no processo de decidir se esta reforma gradual é a escolha certa para si.
Está preparado financeiramente para se reformar?
É quase certo que se mantiver num regime full-time, durante o máximo de anos possível, o seu valor de contribuições para a Segurança Social será maior e como tal isso pode influenciar o seu valor de reforma mensal.
Apesar disto, é também verdade que para muitos, uma transição gradual para a reforma através de uma diminuição de horários, pode colocá-lo numa situação financeiramente mais estável. Isto acontece fundamentalmente porque conseguirá ainda durante alguns anos acumular um valor salarial, à medida que também vai reduzindo os seus custos e despesas relacionadas com um estilo de vida agora diferente e mais moderado.
Está avaliar cuidadosamente os custos que irá ter ainda após os 60?
Deverá analisar ao pormenor quanto espera ainda ter de gastar numa série de itens. Até pode já não ter que pagar a faculdade dos seus filhos, mas muitas vezes é normal que ainda ajude financeiramente noutras áreas, tais como os seguros do carro, planos de telemóveis, coberturas de seguros médicos, etc
Tente prever com cuidado os custos que poderá ter com eventuais problemas médicos, assim como todo o valor que irá desejar gastar em viagens ao longo dos próximos anos. Não se deixe surpreender.
O que irá fazer com o seu tempo?
Os especialistas afirmam que muitas pessoas têm uma real dificuldade em perceber o que irão fazer com todo o tempo extra que ganharão à medida que caminham para a fase final da sua vida profissional.
Para muitos profissionais, especialmente para aqueles com altos cargos de decisão, pode ser uma situação particularmente complicada. Muitas vezes menosprezamos o impacto positivo que a estrutura, o propósito e os desafios que o trabalho diário nos proporciona. Uma mudança súbita para um momento de reforma sem qualquer transição pode afetar fortemente o nosso espírito e estado emocional.
Até pode ter uma ideia daquilo que deseja fazer assim que atingir a reforma. Seja viajar, dedicar-se mais à família, ao voluntariado ou a um qualquer hobbie. A verdade é que se apostar numa reforma lenta, mais gradual, terá tempo para experimentar algumas destas ocupações e perceber a gratificação que irá retirar de cada uma delas.