Mais de metade das famílias em Portugal que precisam de cuidados de saúde e apoio domiciliário não tiveram acesso a serviços profissionais pagos durante o ano passado, revelou um estudo divulgado, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre os agregados sem acesso a serviços de cuidados de saúde domiciliários profissionais e remunerados, 55,9% dos casos afirmaram que se devia, sobretudo, à “incapacidade de pagamento” e 17,5% apontou como causa a “indisponibilidade dos serviços”.
Segundo os dados do INE, em 2024, 6,1% dos agregados familiares tinham pelo menos uma pessoa a precisar de serviços de cuidado de saúde e de apoio domiciliário devido a doenças físicas ou mentais prolongadas.
Há ainda casos de “incapacidade ou idade avançada”, que afetam principalmente as famílias que têm, no agregado, pelo menos um idoso e que correspondem a 81,5% das situações.
Ainda assim, 48,3% destes agregados tiveram acesso a serviços profissionais pagos de cuidado de saúde e apoio domiciliário.
“Do conjunto de agregados que tiveram acesso a serviços pagos, 48,5% asseguraram o pagamento total dos serviços, 28,1% asseguram o pagamento parcial e em 23,4% dos casos as despesas foram pagas por um regime de proteção social ou seguro de saúde; 68,7% dos que asseguraram o pagamento total ou parcial dos serviços tiveram dificuldade em suportar as despesas”, lê-se ainda no estudo do INE.
Apenas 39,3% das crianças em risco de pobreza receberam “cuidados formais”
No que toca aos casos de famílias com crianças, no ano passado, para 94,7% dos menores até aos 12 anos, os pais consideravam que as necessidades de cuidados formais de acompanhamento estavam satisfeitas, o que inclui aqueles que não consideram a necessidade de cuidados formais de acompanhamento para além do tempo de educação pré-escolar e de ensino básico.
“Consequentemente, 5,3% das crianças até aos 12 anos precisariam de mais cuidados formais de acompanhamento em 2024, sendo a impossibilidade de pagar esses serviços o principal motivo para a insuficiência dos cuidados (46,9%)”, assinalou o INE.
Cerca de metade das crianças até aos 12 anos (49,5%) recebia cuidados formais de acompanhamento. Em 59,5% dos casos, os pais pagavam o preço integral ou parcial, enquanto 40,5% utilizava serviços gratuitos.
“Das crianças até aos 12 anos em risco de pobreza, verifica-se que apenas 39,3% recebiam cuidados formais de acompanhamento, mas também que os cuidados gratuitos atingiam uma proporção mais alargada, de 50,9%”, sublinhou o instituto.
Os cuidados formais de acompanhamento incluem creches, amas certificadas, estabelecimentos de cuidados para crianças com necessidades especiais, centros de dia/ATL, jardins de infância e/ou serviços de cuidados organizados pela escola fora do horário escolar (exclui-se o tempo de educação pré-escolar e de ensino básico).