No dia 19 de maio assinalou-se o Dia Mundial do Médico de Família, uma data que celebra os que estão no coração do sistema de saúde. São os médicos que conhecem os nomes, as histórias e as rotinas das pessoas; os que acompanham famílias inteiras ao longo de gerações; os que tratam, escutam e orientam, mesmo quando os problemas não têm receita.
O médico de família é, para muitos, o primeiro rosto com quem se fala quando algo não está bem. Mas a sua função vai muito além disso. Ele é também o guardião da saúde preventiva, aquele que deteta doenças antes de surgirem, que ajuda a controlar as que não se curam, e que, com tempo e escuta, evita o recurso desnecessário a urgências e a outras especialidades.
Acompanhando os utentes desde o nascimento até à velhice, os médicos de família têm uma visão holística da saúde: não olham apenas para o órgão doente, mas para a pessoa como um todo, o seu contexto, a sua história e as suas escolhas. Num país onde se fala cada vez mais de saúde mental, envelhecimento ativo e prevenção, é nestas frentes que o Médico de Família trabalha.
Apesar do reconhecimento crescente da sua importância, os médicos de família enfrentam cada vez mais desafios. Falta de tempo para cada consulta, listas de utentes demasiado extensas, ausência de condições adequadas nas unidades de saúde e excesso de burocracia são apenas alguns exemplos. E, ainda assim, continuam. Com vocação, dedicação e proximidade, a cuidar de milhões de cidadãos.
É também por isso que este dia não deve ser apenas de celebração, mas de compromisso. Um compromisso de valorizar o médico de família com condições dignas de trabalho, tempo para cuidar e autonomia para decidir.
Numa altura em que os serviços de saúde se debatem com dificuldades e transformações, é urgente recordar que o cuidado começa muitas vezes na unidade de saúde da nossa freguesia. O médico de família é quem ajuda a fazer escolhas mais saudáveis, quem acompanha a gravidez, quem está ao lado no diagnóstico difícil, quem evita exames desnecessários, quem conhece o avô e a neta e os trata com o mesmo empenho.
Neste Dia Mundial do Médico de Família é tempo de reforçar uma ideia simples: sem médicos de família, não há verdadeiro Serviço Nacional de Saúde. E cada cidadão merece ter um médico de família com tempo disponível, que o conheça, acompanhe e cuide.