O Prémio Princesa das Astúrias das Artes 2023 distinguiu hoje, em Oviedo, Espanha, a atriz norte-americana Meryl Streep, por “dignificar a arte da representação e conseguir que a ética e a coerência transcendam através do seu trabalho”, avança a Lusa.
O júri salientou que Meryl Streep tem a virtude de fazer destacar a capacidade e o dever que os seres humanos, as mulheres em particular, têm de “vencer e destacar-se a partir da sua singularidade e da sua diferença”.
“Ao longo de cinco décadas, Meryl Streep desenvolveu uma carreira brilhante com uma série de interpretações em que dá vida a personagens femininas ricas e complexas que convidam o espectador a refletir e a formar um espírito crítico”, acrescentou o júri, na ata do prémio.
Segundo os jurados, “a honestidade e responsabilidade na escolha dos seus trabalhos, ao serviço de narrativas inspiradoras e exemplares, transcendem o ecrã e o palco com uma impecável técnica de representação irrepreensível, munida apenas dos seus gestos, da sua voz e do seu olhar”.
Os membros do júri enalteceram ainda o seu papel de “ativista incansável em prol da igualdade, que, com o seu talento e rigor, permitiu que diferentes gerações desfrutassem de interpretações inesquecíveis, conquistando o respeito que esta grande arte merece”.
Nascida em Summit, nos Estados Unidos da América, a 22 de Junho de 1949, com o nome Mary Louise Streep, a atriz viria a ficar conhecida como Meryl Streep.
Iniciou os seus estudos artísticos aos doze anos com aulas de canto a que juntou mais tarde a representação. Formada no Vassar College (1971) e na Yale School of Drama (1975), Meryl Streep iniciou a sua carreira de atriz nos teatros de Nova Iorque. Streep começou a sua carreira nos teatros de Nova Iorque, tendo atuado em várias produções da Broadway, incluindo a reposição de 1977 do drama de Anton Tchekhov, “O jardim das cerejas”.
Com três Óscares, oito Globos de Ouro, dois BAFTAs e três Emmy, após mais de quarenta anos de carreira, Meryl Streep é considerada uma das melhores atrizes contemporâneas.
Mais popular pelos seus papéis no cinema, é conhecida pela sua versatilidade característica, que, segundo os críticos, se baseia numa extraordinária capacidade de interpretar uma grande variedade de personagens e de reproduzir diferentes sotaques.
Detém o recorde histórico de nomeações para Óscares (21) e Globos de Ouro (32) e é uma das duas únicas atrizes vivas a ter ganhado o prémio da academia por três vezes: melhor atriz secundária por “Kramer contra Kramer” (1980), e melhor atriz em “A escolha de Sofia” (1983) e “A dama de ferro” (2012).
A atriz também interpretou outros papeis de destaque, pelos quais ficou particularmente conhecida, em filmes como “A amante do tenente francês”, “África minha” e “Um grito de coragem”.
A filmografia com algumas das suas personagens mais emblemáticas compreende obras como “As pontes de Madison County”, “As horas”, “O diabo veste prada”, o musical “Mama Mia” e o quase musical “Florence – Uma diva fora de tom”.
Os seus trabalhos mais recentes incluem “Mulherzinhas” (2019), “Let them all talk” (2020) e “Não olhem para cima” (2021).
A candidatura de Meryl Streep foi proposta pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar, Premio Príncipe das Astúrias das Artes 2006. A esta edição do prémio apresentaram-se 44 candidaturas de 20 nacionalidades.
Este foi o primeiro dos oito Prémios Princesa das Astúrias a ser entregue este ano, naquela que é a sua 43.ª edição.
O galardão das Artes distingue “o trabalho de criação e aperfeiçoamento da cinematografia, teatro, dança, música, fotografia, pintura, escultura, arquitetura e outras manifestações artísticas”.
Em termos mais gerais, os Prémios Princesa das Astúrias distinguem o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.
Cada prémio consiste numa escultura do pintor e escultor espanhol Joan Miró – símbolo que representa o galardão -, um diploma, uma insígnia e 50.000 euros.
O Prémio das Artes foi concedido, em anos anteriores, a personalidades ou entidades como a artista sérvia Marina Abramovic (2021), os compositores Ennio Morricone e John Williams (2020), o encenador britânico Peter Brook (2019), o ilustrador e realizador de cinema de animação William Kentridge (2017), o cineasta Francis Ford Coppola (2015), o arquiteto Norman Foster (2009), o músico Bob Dylan (2007), o guitarrista Paco de Lucia (2004), o realizador Woody Allen (2002) e o Sistema venezuelano de orquestras infantis e juvenis (2008), entre outros.