Da autoria de Gonçalo Parreirão e Diogo Ferreira, o documentário “O Regime é o Castigo” teve por base os grupos comunitários do Grupo Aprender em Festa (GAF), nos quais mulheres de quatro freguesias do concelho de Gouveia, de diferentes contextos, se reúnem regularmente.
“Os desafios diários e a experiência em oferecer uma perspetiva diferente sobre o dia-a-dia destas pessoas fazem deste um espaço de partilha de histórias de vida e, simultaneamente, um momento onde cada uma encontra suporte, não só para reduzir o isolamento social, mas também valorizar os seus conhecimentos, a cultura, saberes e identidade dos seus territórios”, contou a técnica do GAF, Isabel Amaral.
No âmbito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, a GO Romaria – Associação Cultural Gouveense juntou-se ao GAF para iniciarem “um projeto de preservação da memória, de cultura, da história local e de valorização dessas histórias pessoais que, há cerca de meio século, partilharam do processo social na transição para a democracia, desde vários pontos de vista, mas contextualizados pela sua geografia cultural e paisagística”.
Assim, o documentário, que tem a duração de 126 minutos e será seguido de um debate/tertúlia, dará a conhecer “as histórias que não foram escutadas, nem transmitidas, secundarizadas em relação aos eventos cruciais do período do 25 de Abril de 1974, a essência da relevância do dia inteiro e limpo, que por alguns passou como um dia como todos os outros”.
“O Regime é o Castigo” coloca no centro da narrativa as histórias vividas e esquecidas das zonas rurais e das suas gentes.
“O principal desafio foi manter um sentido ético, evitando ao máximo a devassa e seguir em busca de uma verdade que não necessita de confirmação”, contou Gonçalo Parreirão, que realizou o documentário.
Já Diogo Ferreira, responsável pelo som do projeto (que tem banda sonora original assinada por bürro), considerou “impressionante o cancioneiro escondido e selado nestas pessoas”.
Este documentário é, segundo Joel Correia, da GO Romaria, “uma celebração, e aceitação, da memória desta comunidade que viveu intensamente o fim de uma era e o começo de outra, o que dá a estes testemunhos, como conjunto, uma textura de etnografia contemporânea informal”.
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