O Japão e a esperança de vida
O Japão lidera consistentemente os rankings de longevidade. Em 2023, a esperança média de vida ultrapassava os 84 anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Nas ilhas de Okinawa, por exemplo, o número de centenários é até cinco vezes superior ao de países ocidentais. Mas o que explica este fenómeno?
A dieta tradicional
A alimentação japonesa baseia-se em arroz, peixe, algas, soja, vegetais e pequenas porções de carne. É uma dieta rica em ácidos gordos ómega-3, antioxidantes e fibras, com baixo consumo de gorduras saturadas. Estudos da British Medical Journal mostraram que seguir de perto a dieta japonesa reduz o risco de mortalidade em até 15%.
O conceito de “hara hachi bu”
Os habitantes de Okinawa seguem uma regra cultural simples: comer até estar 80% satisfeito. Esta prática, chamada “hara hachi bu”, ajuda a evitar excessos calóricos e está associada a menor incidência de obesidade e doenças metabólicas.
Movimento natural
Ao contrário do que acontece no Ocidente, onde a prática de exercício é muitas vezes limitada ao ginásio, no Japão o movimento está integrado no dia a dia. Caminhar, andar de bicicleta, cuidar do jardim e sentar-se no chão são hábitos que promovem mobilidade, flexibilidade e saúde articular. Estudos sobre “zonas azuis” (regiões do mundo com maior longevidade) reforçam que atividade física leve, mas contínua, é mais eficaz do que esforços intensos e esporádicos.
A força da comunidade
O “ikigai” — termo japonês que significa “razão de viver” — é outro pilar. Os idosos mantêm-se ativos socialmente, com papéis claros nas suas comunidades. Relações fortes reduzem a solidão e protegem contra depressão e declínio cognitivo. A National Library of Medicine destaca que isolamento social aumenta em 50% o risco de demência, o que explica o valor dos laços comunitários.
O que podemos aprender
- Adotar uma alimentação simples, rica em vegetais e peixe.
- Praticar o “hara hachi bu”: comer menos, viver mais.
- Incorporar movimento natural no dia a dia.
- Cuidar das relações sociais como parte essencial da saúde.
A longevidade japonesa não é fruto de genética apenas, mas de escolhas culturais e sociais consistentes. Comer bem, mover-se naturalmente e viver em comunidade são segredos que podem ser aplicados em qualquer lugar, inclusive em Portugal.