O artista plástico Manuel Baptista morreu em Lisboa aos 87 anos, indicou à Lusa João Pinharanda, diretor artístico do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), que pertence à Fundação EDP, num comunicado, avança a Lusa.
“A Fundação EDP lamenta profundamente a morte, hoje, em Lisboa, do pintor Manuel Baptista, artista que integra a sua coleção de arte e que foi objeto de uma importante exposição, na Central Tejo, ‘Fora de Escala’, em 2012”, lê-se no comunicado.
“À sua família, em especial à artista Maria José Oliveira, companheira de muitas décadas, apresentamos os nossos sinceros sentimentos”, acrescentou João Pinharanda.
Joaquim Manuel Guerreiro Baptista nasceu em Faro, em 1936, e formou-se em pintura em Lisboa, em 1962, na Escola de Belas-Artes, onde lecionou por um breve período, referiu o diretor do MAAT.
“Bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris, em 1963 e do instituto italiano, em Ravena, em 1968, passou também largas temporadas na República Federal da Alemanha (RFA), onde, nos anos de 1977 a 1980, estabeleceu significativas relações com colecionadores e galerias”, indicou, sublinhando que, “em Portugal, [a obra de Manuel Baptista] integra todas as grandes coleções museológicas, e [este] manteve atividade constante no universo galerístico”.
Dividindo o seu tempo entre Lisboa e Faro, desenvolveu naquela cidade algarvia “uma importante missão artística e pedagógica quando dirigiu, na década de 1990, duas galerias municipais, a Trem e Arco, nelas apresentando um vasto leque de artistas históricos e jovens”.
“Vários prémios nacionais (Soquil, 1970; Arus, 1982; Bienal de Cerveira, 1984; BANIF, 1993) e algumas exposições antológicas e retrospetivas do seu trabalho (Loulé, 1988; SNBA, 1990; ou Casa da Cerca, Almada, 1996) foram garantindo o seu reconhecimento”, prosseguiu um dos veteranos da curadoria e da crítica de arte portuguesas.
Pinharanda destacou que Manuel Baptista recebeu, em 2012, o Prémio Autores, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) à exposição apresentada no Museu da Eletricidade (atual MAAT), da Fundação EDP, e que “essa exposição revelou uma faceta desconhecida da sua obra, concretizando projetos de escultura e instalação das décadas de 1960 e 1970 e proporcionando uma nova dimensão crítica ao seu trabalho, próximo da Pop internacional nos temas (objetos do dia-a-dia), materiais (néon, plexiglas, metal) e escala (com soluções que justificaram o título da exposição: ‘Fora de escala’”.
“A sua obra é múltipla e difícil de classificar: desenvolveu-se no campo da pintura, do desenho e da instalação, numa tensão permanente entre Figuração e Não-Figuração, entre paisagismo e um fascínio quase Pop pelo quotidiano”, observou.
“As falésias do seu Algarve natal podiam ser pensadas como enormes e festivas esculturas ou estruturas reveladas em sombrios desenhos; recortes sobrepostos podiam revelar-se como subtis janelas sobre um mundo vegetal; as formas mais simples da geometria podiam desenvolver-se em pinturas monocromáticas (círculos, pentágonos, triângulos), mas onde a superfície era enriquecida por sucessivas camadas de recortes constituindo delicados relevos e sombreados, ou os semicírculos tornarem-se delicados e complexos leques”, descreveu.
Segundo João Pinharanda, Manuel Baptista preparava, para o próximo mês de julho, uma nova retrospetiva global do seu trabalho, no Museu de Faro e na galeria Trem.
“A sua concretização confirmará a importância e singularidade da sua obra”, concluiu.