O romancista sírio Khaled Khalifa, autor de vários romances que o colocaram entre os autores contemporâneos mais reconhecidos do seu país, morreu no sábado à noite em Damasco, aos 59 anos, disse fonte próxima da família à AFP, avança a Lusa.
Conhecido pelas suas posições críticas face ao regime sírio do Presidente Bashar al-Assad, o escritor nascido em Aleppo permaneceu no seu país apesar da repressão e da guerra que eclodiu em 2011.
Khalifa foi distinguido pelo seu terceiro romance “In Praise of Hate”, nomeado em 2008 para o Prémio Internacional de Romance Árabe e em 2013 para o Prémio de Ficção Estrangeira Independente, além de ter sido traduzido para várias línguas.
O livro conta a história de como uma jovem síria de Aleppo, criada na mais pura tradição muçulmana, acredita que encontrará a sua liberdade juntando-se a um movimento fundamentalista que a introduz às lutas ‘jihadistas’.
Em 2013, Khalifa ganhou o prestigiado Prémio Naguib Mahfouz atribuído pela Universidade Americana do Cairo e foi nomeado em 2014 para o Prémio Internacional de Romance Árabe pelo seu quarto romance “No Knives in the Kitchens of This City”, que também foi publicado em outras línguas.
Em 2016, o autor publicou “Death is a Chore”, um relato obscuro da tragédia síria, cuja edição em inglês foi finalista nos Estados Unidos do National Book Award em 2019, na categoria de literatura traduzida.
Os seus outros trabalhos literários incluem “No One Prayed for Them” (2019), “The Keeper of the Lure” (1993) e “The Bohemian’s Notebooks” (2000).
Khaled Khalifa também é autor de séries de televisão que tiveram grande sucesso no início dos anos 1990.
A sua morte foi assinalada por artistas, intelectuais e jornalistas nas redes sociais, assim como por ativistas políticos na Síria e no estrangeiro.
“A forte emoção que tomou conta das redes sociais ao anunciar esta notícia atroz é proporcional não só ao seu grande talento como escritor, mas também à profunda simpatia suscitada pela sua personalidade calorosa, transbordante de amor à vida”, escreveu Farouk Mardam Bey, o editor francês de três de seus romances.