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Opinião: «Anemia, um grave problema de saúde pública ao qual é preciso dar mais atenção», Andreia Monteiro, médica

Artigo de opinião de Andreia Monteiro, especialista em Imunohemoterapia e Medicina Preventiva da Clínica Pilares da Saúde

7 Fevereiro 2025
Andreia Monteiro, especialista em Imunohemoterapia e Medicina Preventiva da Clínica Pilares da Saúde

A anemia é um problema de saúde pública que afeta cerca de 25% da população mundial.

A anemia é um problema global, com sérios efeitos sociais, com impacto na qualidade de vida, na disponibilidade física e mental, o que pode ter um impacto negativo no rendimento laboral e na vida familiar.

A anemia tem ainda um impacto económico negativo devido ao efeito direto que tem na produtividade no trabalho. O efeito económico mundial da anemia é tão elevado que estimativas apontam que em pelo menos 10 países desenvolvidos a queda da produtividade média (física e cognitiva), decorrente da deficiência em ferro, tem um impacto negativo de 4,05% do PIB.

A anemia afeta particularmente crianças pequenas, raparigas adolescentes e mulheres menstruadas e mulheres grávidas e puérperas.

A OMS estima que 40% das crianças entre os 6 e os 59 meses de idade, 37% das mulheres grávidas e 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos de idade em todo o mundo são anémicas. Estima-se que cerca de 4 a 5 mil milhões de pessoas podem sofrer de deficiência de ferro em todo o mundo. A anemia por deficiência de ferro afeta aproximadamente 15% da população mundial. Em países mais desenvolvidos estima-se que 9,1% da população é afetada pela doença, traduzindo-se em cerca de 111 milhões de pessoas afetadas.

A anemia causou em 2019, 50 milhões de anos de vida saudável perdidos devido a incapacidade e as maiores causas foram a deficiência de ferro na dieta, a talassemia e o traço falciforme e a malária.

A situação em Portugal:

Em Portugal o índice de prevalência da anemia é superior à média dos países desenvolvidos, pois enquanto nestes países a taxa é de 9%, a taxa nacional é de 20%, ou seja 1 em cada 5 portugueses adultos sofre de anemia.

Este cenário é classificável como um problema de Saúde Pública, a grande maioria (84%) desconhece ter Anemia e apenas 2% da população recebe alguma forma de tratamento para esta condição.

A problemática nacional acentua-se pela falta de conhecimento sobre a doença e pelo diagnóstico errado, aspetos que conduzem à manutenção dos elevados níveis de prevalência da doença.

A anemia é uma condição na qual o número e o tamanho dos glóbulos vermelhos, ou a concentração de hemoglobina é inferior ao normal, prejudicando consequentemente a capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos do corpo.

A concentração ideal de hemoglobina necessária para atender às necessidades fisiológicas varia de acordo com a idade, sexo, local de residência, hábitos de tabagismo e estado de gravidez.

A anemia é um indicador tanto de má nutrição como de má saúde.

Sintomas da anemia como a fadiga física e mental, sensação de cansaço, irritação, mãos e pés frios, tonturas especialmente ao levantar, perda de concentração, falta de ar, especialmente após esforço, dores de cabeça, capacidades físicas reduzidas, hematomas com mais facilidade. Alguns sintomas típicos da anemia podem ser facilmente confundidos com os de outras patologias, nomeadamente depressão.

A anemia pode ser causada por vários fatores:

1) Deficiências nutricionais através de dietas inadequadas (ferro, folato, vitamina B12, vit A)

2) Absorção inadequada de nutrientes (Doença Inflamatória intestinal, Doença Celíaca)

3) Infeções agudas ou crónicas (Malária, infeções parasitárias, tuberculose, VIH, Helicobacter Pylori, ect)

4) Inflamação e doenças crónicas (doença inflamatória intestinal, insuficiência cardíaca crónica, doença renal crónica, neoplasias, doenças autoimunes)

5) Condições ginecológicas e obstétricas (períodos menstruais longos, gravidez, hemorragia pós-parto, puerpério)

6) Doenças hereditárias e Doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos (Síndromes talassémicos, Anemias Megaloblasticas, Anemia de células falciformes)

Das causas nutricionais a mais comum é a anemia da deficiência de ferro, que representa 90% de todas as causas de anemia.

O tratamento e a prevenção da anemia dependem da causa subjacente da doença. Existem muitas maneiras eficazes de tratar e prevenir a anemia.

1) Mudanças na dieta podem ajudar a prevenir e tratar as anemias por deficiências nutricionais: comer alimentos ricos em ferro, ácido fólico, vitamina B12 e vitamina A, baseados em uma dieta saudável com uma variedade de alimentos, assim como tomar suplementos desde que prescritos por um profissional de saúde qualificado e com base nos resultados analíticos do paciente.

2) Prevenir e tratar a malária

3) Prevenir e tratar a esquistossomose e outras infeções causadas por helmintas transmitidos pelo solo (vermes parasitas)

4) Gerenciar doenças crônicas como obesidade e problemas do trato gastrointestinal

5) Esperar pelo menos 24 meses entre as gestações

6) Prevenir e tratar sangramento menstrual intenso e hemorragia antes ou depois do nascimento

7) Tratar doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos, como anemia falciforme e talassemia.

Dado à importância e gravidade do assunto, é crucial unir todos os esforços na prevenção e tratamento das anemias de forma a diminuir a prevalência, aumentando assim a qualidade de vida das populações.

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