Os restos mortais de Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional, em Lisoa, a 27 de setembro, confirmou à Lusa o deputado Pedro Delgado Alves, do grupo de trabalho criado pela Assembleia da República para definir a data e o programa da cerimónia.
Há cerca de três semanas, Pedro Delgado Alves apontara a data de 27 de setembro como a prevista, acrescentando, todavia, que esta tinha de ser viabilizada pelo grupo. Hoje, confirmou que a trasladação ocorrerá a 27 de setembro, mas o “anúncio formal” só ocorrerá na “próxima semana”.
Na quinta-feira à noite, o jornal Público noticiou na sua edição digital que os restos mortais de Eça de Queiroz serão trasladados para a Igreja de Santa Engrácia, no Panteão Nacional, em 27 de setembro, com o programa da trasladação a ser anunciado ainda este mês.
Em 12 de abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que os restos mortais do escritor Eça de Queiroz seriam trasladados para o Panteão Nacional “brevemente”.
O chefe de Estado fez o anúncio quando discursava no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da CIP – Confederação Empresarial de Portugal.
O Presidente da República referiu-se ao grupo de intelectuais do fim do século XIX conhecido por “vencidos da vida”, a propósito de uma passagem do discurso do novo presidente da CIP, Armindo Monteiro.
A este propósito, anunciou: “Vamos homenagear, aliás, brevemente, na transladação para o Panteão Nacional dos restos mortais de Eça de Queirós”.
A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em janeiro de 2021, um projeto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.
Ficou também decidido na altura, através da mesma resolução, “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação Eça de Queiroz”.
Eça de Queiroz morreu em 16 de agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.
A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Eça de Queiroz, nascido na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em 1845, foi autor de contos e romances, entre os quais “Os Maias”, que gerações de críticos e investigadores na área da literatura consideram o melhor romance realista português do século XIX.
A sua vasta obra inclui títulos como “O primo Basílio”, “A cidade e as serras”, “O crime do padre Amaro”, “A relíquia”, “A ilustre casa de Ramires” e “A tragédia da Rua das Flores”.