Parece absurdo pensar que, em pleno século XXI, o género pode definir onde se é autorizada ou não a entrar, mas há espaços em que isso é considerado normal, seja por aspetos relacionados com a cultura ou com a religiosidade.
O que talvez torne a situação mais esquisita é que grande parte dos destinos proibidos são Património Mundial da UNESCO.
1. Comunidade Monástica do Monte Athos (Grécia)
Património Mundial da UNESCO desde 1988, o Monte Athos é composto por uma comunidade de cerca de 20 mosteiros ortodoxos orientais. Durante mais de um milénio, peregrinos e monges cristãos ortodoxos reúnem-se aqui e nos seus arredores, localizados na península norte da Grécia. Conhecida como “Montanha Sagrada”, o espaço é fechado à entrada de mulheres e a qualquer animal fêmea, com exceção de gatas, desde o ano de 1046.
De acordo com as tradições locais, as mulheres dificultariam que os monges mantivessem seus votos de celibato. Sob a perspetiva religiosa, a tradição ortodoxa prega que o Monte Athos pertence à Virgem Maria e, por isso, seu solo sagrado não deve ser visitado por nenhuma outra mulher.
2. Monte Omine (Japão)
Proibidas de entrar no Monte Omine há mais de mil anos, as mulheres contestam o impedimento e solicitam junto ao governo local o fim dessa ordem. Esse afastamento possui ligação com a menstruação, ilegal em rituais, e com uma suposta distração que representariam aos peregrinos do sexo masculino.
3. Herbertstrasse, Hamburgo (Alemanha)
Herbertstrasse é nome de uma pequena rua na cidade alemã de Hamburgo em que mulheres não podem entrar – a não ser que sejam trabalhadoras do sexo. O local fica numa região conhecida como distrito da luz vermelha, uma das mais famosas do mundo. A Herbertstrasse é uma pequena rua lateral, repleta de luzes de néon e janelas em que as prostitutas se exibem seminuas.
O acesso é feito passando por uma barreira metálica em que a entrada de mulheres é terminantemente proibida. Esse movimento começou em 1933, quando os nazis chegaram ao poder, como uma estratégia para controlar o trabalho sexual e o vício em bebidas, isolando quem fosse contra a moral dos alemães comuns.
4. Parque Nacional Band-e-Amir (Afeganistão)
Parque Nacional Band-e-Amir, no Afeganistão, é uma espécie de Grand Canyon no Oriente Médio. Localizado na província de Bamiyan, é o primeiro parque do género no país, formado por 320 quilómetros de lagos, penhascos e represas naturais. Mas toda essa beleza não pode ser vista por mulheres desde que os talibãs regressaram ao poder no Afeganistão em 2021.
O parque é proibido para as mulheres porque, segundo o novo governo, elas violaram leis sobre “modéstia”.
5. Ilha de Okinoshima (Japão)
Quem vê a Ilha de Okinoshima do alto nem imagina que aquele local, que guarda três santuários dedicados às deusas do mar, proíbe a entrada de mulheres. Parece um contrassenso, já que durante mais de mil anos os peregrinos que iam à ilha levavam presentes, como espelhos, moedas e anéis de ouro para homenagear as deusas.
Património Mundial da UNESCO, a ilha é administrada por sacerdotes xintoístas, que só permitem a entrada de homens após eles se banharem na água do mar. Os responsáveis explicam que a proibição de acesso às mulheres é por questões de segurança, em virtude dos perigos que a ilha guarda.