É certo que a ideia de se reformar em conjunto com o seu parceiro ou parceira pode parecer excelente. Em particular se ambos viverem um relacionamento feliz, é claro. A verdade é que a possibilidade de após décadas de trabalho passarem agora a ter a oportunidade de viajar em conjunto, estar mais tempo com a família e definirem planos com grande liberdade pode ser extremamente aliciante.
Não é assim de estranhar que os estudos indiquem que a maior parte dos casais procura coordenar em conjunto a data da sua saída do mercado de trabalho. De facto, um estudo da Fidelity Investments Funds nos EUA, revelou que cerca de 1 em cada 4 casais americanos reforma-se apenas com um ano de diferença entre os dois parceiros.
Apesar de tudo isto existem alguns fatores que podem afastar esta escolha. O principal? Dinheiro, como seria de esperar. Ao definirem uma “reforma conjunta”, o casal pode estar a sofrer um grande rombo financeiro, que poderá comprometer o seu conforto nos anos que se avizinham. Especialmente se o casal tiver uma grande diferença de idades.
Nestes casos normalmente quem acaba por sofre mais são as mulheres. O facto de habitualmente serem o parceiro mais jovem e com menos anos de trabalho pode impactar fortemente o valor da sua reforma. Acabam por ser assim que mais perde com uma saída antecipada do mercado de trabalho.
Antigamente, tal como afirma o psicólogo e autor Dorian Mintzer, “a decisão da data de reforma era habitualmente tomada em exclusivo pelo homem, o grande responsável pelos rendimentos familiares”. Já nas últimas décadas, com o aumento do número de mulheres que também trabalha e ganha salário, esta tornou-se inevitavelmente uma decisão familiar, de grupo, que deve ser analisada cuidadosamente.
Caso esteja a considerar a reforma conjuntamente com a sua esposa ou esposo, eis algumas questões que podem ajudar a perceber se ambos estão verdadeiramente prontos para tomar este importante passo em conjunto.
Temos segurança financeira para nos reformarmos ao mesmo tempo?
Esta será porventura a questão-chave. Deve avaliar este fator com toda atenção. É recomendado que faça uso das inúmeras “calculadoras de reforma” para perceber exatamente qual será o valor da sua reforma. Após este primeiro passo, deve analisar em profundidade as suas poupanças e investimentos. Perceba efetivamente quando dinheiro tem guardado e investido, e defina com exatidão de que forma ele poderá ser usado ao longo do seu período de reforma.
Se chegarem à conclusão de que não têm capacidade financeira para deixarem o mercado de trabalho simultaneamente então devem considerar a possibilidade uma das “partes” adiar a reforma por mais algum tempo. Mesmo que seja para trabalhar apenas mais 1 ou 2 anos. No longo prazo isso poderá fazer bastante diferença e oferecer uma maior segurança financeira.
Como irá ser o nosso dia-a-dia? De que forma irá a relação mudar?
Para além da importante questão financeira existem um conjunto de questões emocionais e psicológicas que deverá avaliar cuidadosamente.
Imagine o cenário da vossa reforma conjunta. Percebam de que forma os vossos “papéis” irão mudar. Quanto tempo irão passar em conjunto todos os dias? E que tempo deverão ter para perseguir outros interesses próprios, sejam estas atividades solitárias ou com amigos?
É fundamental que enquanto casal falem sobre tudo isto. Esta nova fase pode trazer diferentes dinâmicas para as quais deverão estar preparados.
Estamos realmente prontos para deixar de trabalhar?
Mesmo que tenham definido que se iriam reformar simultaneamente, e estando a questão financeira está assegurada, pode acontecer que um dos membros do casal não esteja ainda preparado para deixar de trabalhar a tempo inteiro.
Muitas pessoas acabam por nunca desejar deixar de trabalhar. Adoram o que fazem, são apaixonados pela sua função e simplesmente não querem parar. Já outras estão desejosas que chegue o dia em que nunca mais vão ter que colocar um pé no escritório.
Uma recente sondagem da Gallup afirmava que 6 em cada 10 americanos desejavam continuar a trabalhar em regime part-time depois da idade da reforma. 11% afirmavam desejar continuar a full time.
Independentemente da sua situação é essencial que, enquanto casal, percebam claramente o posicionamento de cada um e não criem expectativas irrealistas sobre o vosso período de reforma.