Julia Deck, de 50 anos, venceu na terceira volta, por cinco votos contra quatro, que recaíram sobre “Paris, musée du XXIᵉ siècle”, de Thomas Clerc, segundo a imprensa francesa.
O romance vencedor propõe-se reconstruir os laços entre uma mãe britânica brilhante e ousada e a sua única filha, uma mulher autodeclarada depressiva e sombria, prejudicada pelo divórcio dos pais.
A autora manifestou-se “muito emocionada”, enquanto o seu editor, da Seuil, Mathieu Larnody, confessou que o prémio lhes dá “muita emoção e prazer”.
“É um livro muito importante na trajetória da Julia, que marca um desvio para a autobiografia, motivado por uma história pessoal densa, intensa e pesada. É também uma pessoa cujo trabalho sigo desde o seu primeiro livro, pelo que é um grande prazer poder acompanhar esta obra”, afirmou, citado pela publicação LivresHebdo.
Com esta distinção, Julia Deck é a primeira autora da temporada literária de 2024 a ganhar um grande prémio de outono, depois de terem sido conhecidos os vencedores do Goncourt (Kamel Daoud, com “Houris”) e do Femina, (Miguel Bonnefoy, com “Le rêve du Jaguar”).
“Ann d’Angleterre” é o sétimo romance de Julia Deck, que, marcada pelo acidente vascular cerebral de sua mãe no verão de 2022, decidiu contar a história desta mulher inglesa oriunda da classe trabalhadora, apaixonada pela literatura e que acabou por subir na hierarquia social para se estabelecer em França.
A meio da sua história, a autora percebe uma estranheza e suspeita que a mãe lhe tenha escondido alguns segredos de família.
O Prémio Médicis para romance estrangeiro foi para Eduardo Halfon, por “Tarentule”, enquanto Reiner Stach ganhou o prémio de ensaio por “Kafka, Les années de jeunesse (volume 3)”.
Nenhum dos livros vencedores está publicado em Portugal, embora o escritor guatemalteco Eduardo Halfon esteja editado no país, com “O anjo literário” (Cavalo de Ferro), “Luto” e “Canción” (ambos na Dom Quixote).
No ano passado, o Prémio Médicis Étranger foi para a escritora portuguesa Lídia Jorge, com “Misericórdia”, que venceu ex-aequo com “Impossibles Adieux”, da sul-coreana Han Kang, este ano galardoada com o Prémio Nobel da Literatura.
O vencedor do Prémio Médicis de Ensaio em 2023 foi Laure Murat pela obra “Proust, roman familial” (“Proust, um romance familiar”), ao passo que o prémio Médicis da Francofonia distinguiu o canadiano Kevin Lambert, com “Que notre joie remaine” (“Que a Nossa Alegria Permaneça”).
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