De acordo com um estudo de 2017, quando morremos, o nosso enterro gera cerca de 833 kg de CO2, o equivalente a uma viagem de carro de vários milhares de quilómetros, ou 11% das emissões anuais de uma pessoa média. Então, porque é que poluímos mesmo quando morremos? Na realidade, não é a nossa morte que polui, mas sim as suas consequências, refere o Meteored.
Vejamos o caso da França: em 60% dos casos, as pessoas optam pelo enterro. E o caixão não é uma opção, mas uma obrigação. A composição interior e exterior do caixão é muito poluente: madeira envernizada ou pintada, interiores sintéticos, pegas e parafusos de metal. O mesmo acontece com a sepultura, onde o fabrico da abóbada de betão consome muita energia. Para não falar do facto de as estelas serem frequentemente importadas da Ásia e, por conseguinte, muito poluentes, sublinha a publicação.
Para reduzir a pegada ambiental, o enterro subterrâneo é a melhor opção. «Esta solução é menos poluente do que a cremação, que gera em média 233 kg de CO2. Os crematórios libertam dioxinas e mercúrio para a atmosfera durante as cremações. Desde 2018, os crematórios são obrigados a instalar filtros nas suas chaminés».
Para além do enterro ou da cremação, há simplesmente o tratamento do cadáver, que é extremamente poluente
«Para respeitar o ambiente, mesmo durante a nossa última viagem, devemos ter em conta todos os passos descritos acima. Escolher um caixão de madeira local e vestir o defunto com o maior número possível de fibras naturais. E, claro, nada de tanatopraxia. Até as campas devem ser cavadas à mão», referem os especialistas.
Existem outras alternativas à inumação/cremação tradicional.
«A humusação, por exemplo, permite a compostagem, “reintegrando o corpo humano no ciclo da vida”. Infelizmente, este processo ainda não está autorizado em muitos países. O mesmo acontece com a promession (promissão, traduzido à letra), que visa transformar o corpo num pó para fertilizar o solo após imersão em azoto líquido», refere a publicação.
Ao contrário da cremação, «a aquamação consiste na imersão do defunto numa mistura de água e de um produto alcalino. Este líquido é aquecido a 150 °C para dissolver todos os tecidos humanos. Restam apenas os ossos, que podem ser triturados e colocados numa urna funerária. De acordo com a empresa britânica Resomation, este método consome 5 vezes menos energia do que a cremação. Mais uma vez, este processo só é legal em alguns países», conclui.