Finalmente o tão desejado regresso às aulas! E desta vez presenciais.
A agitação nos corredores, as salas de aulas, o alvoroço dos intervalos, as conversas e as gargalhadas, o som da campainha, as portas a baterem, as brincadeiras dos mais pequenos. São muitos os sons e ruídos aos quais os professores estão expostos diariamente no seu posto de trabalho.
Apesar desta agitação ser desejada por muitos, por representar o regresso às rotinas pré-pandemia, poucos se apercebem do risco que esta exposição ao ruído representa.
Um inimigo nada silencioso
Um estudo recente da Wakefield Research para a EPIC Hearing Healthcare mostrou que os professores apresentam um alto risco de desenvolver perda auditiva ocupacional induzida pelo ruído, quando comparada com outras profissões.
Sabemos que a perda auditiva é um factor presente e comum em certas profissões. Mas quando pensámos nisto, provavelmente associamos de imediato este risco a certas profissões relacionadas com indústrias e construção, onde o ruído parece ser mais evidente. A verdade é que, vários profissionais estão em risco, entre eles os professores.
Números alarmantes
De acordo com este estudo da Wakefield Research, os professores correm um risco maior de ter dificuldades auditivas quando comparados com trabalhadores de outras áreas. Os principais resultados desta pesquisa indicam que:
- 15% dos professores foram diagnosticados com problemas auditivos (em comparação com uma média de 12% noutras profissões),
- Professores mais jovens (18-44 anos) reportam taxas de diagnóstico mais elevadas quando comparadas com outros profissionais na mesma faixa etária (26% contra 17%),
- 27% suspeitam que têm problemas de audição, mas não procuram ajuda.
Infelizmente, este estudo também demostrou que os professores sofrem com as consequências das suas dificuldades auditivas e que esta condição os afeta de múltiplas formas. Mais de metade admite que têm de pedir às pessoas para repetirem o que dizem e um terço afirma não entender o que está a ser dito. O cansaço e o stress são manifestações comuns principalmente se estiverem em atividade por longos períodos.
Os números podem aumentar
Sabe-se ainda que os docentes acima dos 50 anos duplicaram em Portugal nos últimos 10 anos o que pode levar a um aumento no número de pessoas com dificuldades auditivas. Sabe-se que existe uma relação entre as dificuldades auditivas e o avanço da idade e que este fator pode ser agravado quando pertencentes a grupo de risco no que diz respeito à exposição profissional ao ruído, como é o caso dos professores.
Muitos professores não procuram ajuda
A atividade de docência é exigente e a exposição prolongada ao ruído pode acarretar consequências severas. Mas porque é que muitos professores não procuram ajuda ou tratamento mesmo tendo consciência das suas dificuldades auditivas?
Muitos professores não procuram ajuda devido a preocupações com o alto custo dos aparelhos auditivos, outros estão preocupados com o estigma social de ter uma deficiência auditiva.
O que poucos sabem
Estas preocupações e reservas até podem parecer válidas, mas a verdade é que, não procurar ajuda atentadamente pode agravar o problema assim como as consequências de uma perda auditiva não tratada.
Hoje em dia, as soluções auditivas evoluíram muito, os aparelhos auditivos são discretos e a melhoria na qualidade de vida dos utilizadores compensa qualquer estigma ou preconceito.
Relativamente ao preço, existem diferentes valores de acordo com o modelo e marca do aparelho auditivo que o utilizador escolher. Caso possa beneficiar do uso deste tipo de tecnologia, procure um fornecedor de confiança e informe-se com um especialista antes de adquirir um equipamento.
Os professores e os auxiliares das instituições de ensino podem ainda beneficiar da comparticipação de certas entidades, como a ADSE, na aquisição de aparelhos auditivos. Informe-se junto do seu fornecedor de eleição das condições especiais e protocolos existentes.
Fontes
https://www.prnewswire.com/news-releases/teachers-at-higher-risk-for-hearing-loss-277432361.html
https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/professores-acima-dos-50-duplicam-em-dez-anos?ref=DET_CMaoMinuto_3