De entre as quatro gerações que, atualmente, coexistem no mercado de trabalho – Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z – são os primeiros que se mostram mais impactados pelos desafios impostos pela pandemia. De acordo com o estudo, são estes trabalhadores, com uma média de idade de 60 anos, quem mais sente os efeitos do atual contexto. O impacto é mais expressivo na importância que atribuem hoje ao espaço físico de trabalho: se, antes, era a geração que menos importância atribuía ao local de trabalho, é agora aquela que mais o privilegia. Da mesma forma, passaram a colocar mais peso em temas como o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, priorizando a necessidade de serem informados sobre a estratégia da empresa. Passaram, também a valorizar mais a autonomia na função desempenhada.
O estudo “Motivação de Geração em Geração” revela que a obrigatoriedade do teletrabalho imposta nos últimos meses a uma grande fatia da população trabalhadora em Portugal veio também trazer maior dinâmica à forma como as gerações valorizam a proximidade entre o local de trabalho e o local de residência. Antes da pandemia, mais de metade dos participantes Millennials (nascidos entre 1980 e 1995) e da Geração Z (nascidos a partir 1996) consideravam esta proximidade relevante; agora, apenas um terço.
Impelidos também pelo atual contexto, todas as gerações auscultadas atribuem, atualmente, mais importância à inovação tecnológica da empresa para a qual trabalham. Por outro lado, antes do surto de Covid-19, eram as gerações mais jovens quem mais ponderava sair da empresa no próximo ano. Agora, são os Baby Boomers quem mais equaciona essa possibilidade.
O que valorizam as diferentes gerações?
Os Baby Boomers valorizam o reconhecimento do seu trabalho e de um bom ambiente de trabalho, sendo, dos que mais privilegiam a autonomia. A colaboração e entreajuda entre colegas é também um factor fundamental para esta geração, que se mostra mais conservadora: por exemplo, apenas uma pequena minoria valoriza um ambiente de trabalho mais informal.
Também os participantes da Geração X (nascidos entre 1961 e 1979) consideram ser importante a manutenção de um bom ambiente laboral, assim como o reconhecimento do seu trabalho. E contrariando a ideia de que são workaholics, estes profissionais garantem que um dos fatores que mais apreciam é o equilíbrio entre a vida laboral e a esfera pessoal. Em contrapartida, a maioria diz-se insatisfeita com o seu pacote de benefícios, sublinhando que a remuneração é um factor determinante para a escolha de novos projetos profissionais. Por isso, para se sentirem realizados necessitam de remuneração adequada e reconhecimento profissional.
Por seu turno, os Millennials apresentam dois traços muito distintivos: não só consideram relevante o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, como querem ver o seu trabalho reconhecido. E destacam-se das gerações anterior pela importância que dão à formação e ao desenvolvimento como drivers motivacionais, privilegiando oportunidades de crescimento. Contudo, apenas uma minoria considera que a função que desempenha lhe permite desenvolver novas competências. Talvez por isso, só um número reduzido dos participantes que se encaixam nesta faixa etária admita que se sente desafiado profissionalmente.
Finalmente, a Geração Z, que começou a entrar mais recentemente para o mercado de trabalho, quer ter perspetivas de evolução na carreira. Afirmam que necessitam de ter oportunidades de crescimento e a remuneração adequada para se sentirem realizados. Valorizam menos a autonomia e mostram alguma inquietação, procurando novos projetos profissionais, sublinhando que não se sentem desafiados profissionalmente.
(artigo originalmente publicado no site Human Resources Portugal)