No mês em que se celebra o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/9), uma pesquisa recente traz um dado importante envolvendo a relação dos portugueses com as próprias emoções: para 47% das pessoas, a própria família é o último grupo com quem partilhariam detalhes de suas vidas emocionais — ficando atrás, inclusive, de círculos como os professores, terapeutas e até mesmo os colegas de trabalho.
A conclusão é da Preply, plataforma que, interessada na forma com que a população comunica seus sentimentos, pediu que inquiridos de todos os distritos revelassem como se autoavaliam psicologicamente nos últimos tempos, entre detalhes como a frequência com que partilham as suas angústias e as frases mais reconfortantes quando estão enfrentando um problema pessoal.
Além de destacarem os grupos sociais com quem mais desabafam no cotidiano, os ouvidos revelaram os obstáculos que mais os impedem de se abrir com possíveis ouvintes: o receio em incomodar (54,5%), a dificuldade em encontrar as palavras certas (46,5%), a falta de confiança nos demais (33,9%) e, ainda, o medo do julgamento (31,5%).
Bons ouvintes: portugueses escutam mais do que falam sobre emoções
Medo de parecer vulnerável, de ser visto como alguém fraco, receio diante dos mal-entendidos… mesmo com tantos benefícios para a saúde emocional, em um certo ponto, ninguém parece discordar: dependendo de onde ou com quem se está, falar sobre os próprios sentimentos pode se tornar uma tarefa bastante complicada — sensação essa, aliás, partilhada pela maioria dos ouvidos durante o estudo da Preply.
Para se ter uma ideia, ao serem indagados sobre conversas envolvendo emoções, somente 31,7% dos inquiridos admitiram se abrir com outras pessoas frequentemente, parte disso devido ao receio em incomodar (54,5%) a dificuldade em não utilizar as palavras adequadas (46,5%), a falta de confiança nos demais (33,9%) e o medo do julgamento (31,5%).
Por motivos como esses, quando a conversa envereda para o terreno sentimental, a postura mais confortável tende a ser a de mero ouvinte, comportamento comum para 61,2% dos brasileiros envolvidos na pesquisa.
Tais desconfortos em partilhar desabafos, dilemas e outras questões internas, convém dizer, geralmente intensificam-se dependendo de quem está prestes a ouvi-los. Na opinião dos respondentes, por exemplo, não há grupos que os deixem mais desconfortáveis ao falarem sobre si mesmos do que os seus familiares (47,5%), com quem mais evitam esse tipo de assunto, em comparação com “pessoas de fora” — sejam colegas de trabalho, professores ou profissionais de saúde.
Saiba o que dizer a alguém que esteja a sofrer mentalmente
Se, para muitas pessoas, certas expressões importantes perderam os seus significados originais devido ao uso excessivo, a pesquisa também clarifica que algumas palavras permanecem fundamentais para tornar um período difícil mais suportável, seja numa situação de grande stress, crises de ansiedade ou outras experiências traumáticas.
Entre as várias formas de demonstrar apoio a alguém que está a sofrer, a frase que mais reconforta os entrevistados pela Preply é, na verdade, algo simples, mas que evidencia que cada um precisa de tempo para lidar com as suas próprias questões: “leva o tempo que precisares”, considerada a mais acolhedora por 58,2% dos portugueses.
Para se sentirem melhor, há quem ainda prefira ouvir um “estou aqui para ti” (54,2%) ou “pedir ajuda não faz mal” (48,6%), uma frase que reforça a importância de cuidar da saúde mental, independentemente do momento ou local. Também não é difícil perceber por que motivo “o teu bem-estar é prioridade” (48,6%) surge entre as preferidas dos inquiridos: em meio a tantas preocupações diárias, de facto, às vezes tudo o que precisamos é que alguém nos relembre da importância de olhar por nós mesmos.
Metodologia
Para compreender como a população expressa as suas emoções, foram entrevistados, nas últimas semanas, 400 portugueses residentes em todos os distritos do país. No total, os respondentes tiveram acesso a 10 questões que exploraram experiências pessoais relacionadas com saúde mental, autoconhecimento e os impactos da internet nos debates sobre o tema. A organização das respostas permitiu a criação de diferentes rankings, onde é possível consultar a percentagem de cada alternativa indicada pelos entrevistados.