Durante o verão, muitas pessoas sentem as pernas mais pesadas, inchadas ou cansadas. Embora muitas vezes estes sinais sejam ignorados, podem indicar a presença de uma condição frequente: a Doença Venosa Crónica (DVC), que afeta cerca de 35% da população adulta portuguesa.
Em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, no âmbito da rubrica “O Médico Explica”, Joana Ferreira, médica especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, esclarece tudo sobre esta doença, das causas à prevenção, passando pelos sintomas e tratamentos disponíveis.
O que é a Doença Venosa Crónica?
A DVC é uma patologia dos membros inferiores, causada por alterações nas veias que dificultam o retorno do sangue ao coração. Estas alterações levam a sintomas como sensação de peso, inchaço, dor e cãibras. Com o tempo, podem surgir sinais visíveis como varizes e alterações na pele.
Quais são as principais causas?
A origem da doença está muitas vezes ligada à hereditariedade. Contudo, fatores como envelhecimento, excesso de peso, sedentarismo, número de gravidezes e profissões que obrigam a permanecer muito tempo em pé ou sentado também contribuem para o seu aparecimento e agravamento.
Quem está mais em risco?
As mulheres são as mais afetadas, em parte devido a fatores hormonais e à gravidez. Estima-se que 70% das mulheres com mais de 30 anos apresentem sinais ou sintomas de DVC. Apesar disso, os homens também sofrem com a doença — muitas vezes de forma mais grave.
O calor piora os sintomas?
Sim. O calor dilata os vasos sanguíneos, o que agrava os sintomas da DVC. Por isso, o verão é a altura do ano em que mais se notam queixas como pernas cansadas, edema e prurido. É também nesta época que se devem redobrar os cuidados.
Como pode afetar a qualidade de vida?
Para além do desconforto físico, a DVC interfere com o sono e pode afetar o desempenho profissional. Segundo a especialista, esta condição é responsável por 21% das mudanças de função no local de trabalho e por 8% das reformas antecipadas.
Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base nos sintomas e na observação clínica. Quando necessário, é complementado com exames como o eco-Doppler. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será o controlo da doença e menores serão as complicações.
É possível prevenir?
Sim. Adotar um estilo de vida saudável, praticar exercício físico regularmente, manter um peso adequado e evitar longos períodos sentado ou em pé são medidas eficazes. O uso de meias elásticas e medicamentos venoativos também pode ser recomendado, conforme indicação médica.
Sinais de alerta
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Pernas pesadas, inchadas ou doridas.
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Varizes visíveis ou pequenos derrames.
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Comichão e alterações na pele das pernas.
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Contrações musculares involuntárias, sobretudo à noite.
Se apresentar um ou mais destes sintomas, deve procurar o seu médico de família para avaliação.
Para ajudar na deteção precoce da doença, está a decorrer a campanha nacional #LegsFirst, com rastreios gratuitos em farmácias de todo o país, incluindo os arquipélagos dos Açores e da Madeira.