O envelhecimento é um processo associado a sentimentos negativos. Tendemos a olhar com receio para este período das nossas vidas. Temos medo de sofrer uma abrupta quebra de capacidade, temos medo de perder a nossa beleza e sobretudo receamos a proximidade da morte, do final das nossas vidas.
É um processo difícil, que para muitas pessoas pode ser complicado de gerir e que pode causar alguma tristeza e ansiedade. Mas e se de alguma forma fosse possível envelhecer com alegria?
Esta foi a questão que a autora e psicanalista Mary Pipher procura “descortinar” no seu mais recente livro “Women Rowing North: Navigating Life`s Currents and Flourishing As We Age”. Esta obra procura ajudar todas as mulheres maduras que entram agora na fase mais avançada das suas vidas, oferecendo inúmeras dicas e perspetivas que ajudam a criar um sentido maior de positividade.
É certo que as mulheres enfrentam inúmeros desafios (sobretudo a partir dos 60 para cima), promovidos por uma Sociedade extremamente obcecada pelos ideais de juventude. No entanto, de acordo com Pipher, todas as mulheres terão a capacidade de transformar positivamente estes preconceitos.
Eis alguns dos conselhos mais relevantes presentes no livro.
- Dê mais valor a tudo aquilo que tem à sua frente
Uma atitude correta é fundamental para viver melhor. Devemos relembrar-nos de que temos controlo sobre a forma como lidamos com todos os problemas e adversidades que nos são colocadas. “A nossa felicidade depende da forma como lidamos com tudo aquilo que nos é dado”, defende a autora.
Os nossos amigos, familiares, netos são alguns dos nossos bens mais preciosos. Cultivar os nossos hobbies, atividades e paixões são a melhor forma de viver com harmonia e felicidade.
- Agir para combater o desespero
A realidade é que chegar aos 50 ou 60 anos, significa já ter passado por muita coisa. Já enfrentamos inúmeros desafios, problemas e complicações. Já sofremos, e possivelmente, à medida que envelhecemos podemos sentirmo-nos mais exaustos.
No entanto, um paradoxo interessante abordado por Pipher, explica-nos que em muitos casos é exatamente o facto de termos passado por dificuldades que nos permite apreciar mais acentuadamente os prazeres e alegria da vida. Parte do que nos permite apreciar a vida, é exatamente termos passado (e ultrapassado) momento tristes, difíceis e assustadores.
Não tente eliminar da sua mente todas as coisas más. Tente antes transforma-las em experiências positivas. Transmita essa energia positiva em todas as suas atividades, sejam elas cuidar dos netos ou fazer voluntariado junto da comunidade.
- (Re)transforme a narrativa
As histórias de sofrimento podem ser transformadas em lições de vida e em histórias de resiliência que nos podem moldar. Aprenda a perdoar-se e a libertar-se de alguns “fantasmas”. O período de velhice está repleto de histórias tristes contadas pela sociedade que alimentam alguns preconceitos perigosos. Procure demonstrar de que forma a realidade da vida das pessoas mais maduras não tem que ser uma tragédia.
- Encare a morte com menos receio
À medida que envelhecemos somos forçados a lidar bastante mais com a ideia da morte. Ao invés de fugir deste tipo de pensamentos, cada vez mais pessoas são capazes de falar sobre o tema e de se preparar efetivamente para lidar com experiências relacionadas com a morte. Apesar de todas as mortes serem quase sempre inesperadas, não têm que ser necessariamente experiências que nos causem medo. Podemos obviamente sofrer com a perda de alguém próximo ou com a ideia do fim da nossa própria vida, mas devemos sempre relembrarmo-nos que este é um processo natural.
- Perdoe-se e seja honesto
O envelhecimento traz-nos alguma importante perspetiva sobre experiências passadas. Em princípio, estas realizações irão permitir-nos ter uma visão mais justa, menos severa. Sabemos melhor quem somos e merecemos viver a nossa vida respeitando as nossas necessidade e desejos. Rodeie-se de pessoas, amigos e familiares, que lhe permitam viver o seu verdadeiro “eu”.