Partilhar

Isso que está a sentir serão meros tiques ou poderá ser Síndrome de Tourette? Veja a diferença

A doença é caracterizada pela combinação de tiques, que podem ser tratados e controlados com a ajuda de terapêuticas eficazes.

12 Maio 2023
Forever Young

Piscar os olhos repetidamente, encolher os ombros, fazer movimentos faciais bruscos e pigarrear são alguns dos tiques que estão associados a pessoas com Síndrome de Tourette, uma perturbação do neurodesenvolvimento que surge em idade infantil e que pode ser um motivo de angústia, depressão e isolamento social.

Esta síndrome “resulta da disfunção neurológica em circuitos cerebrais que controlam as atividades motoras, sensoriais e emocionais”, explica Sandra Castro Sousa, neurologista da Clínica de Stº António. Apesar de os tiques serem a característica definidora da doença, apresentar apenas um destes comportamentos não é o suficiente para a síndrome ser diagnosticada.

Uma parte significativa de crianças que desenvolvem Síndrome de Tourette deixa de ter os sintomas à medida que entra na idade adulta. No entanto, muitas delas acabam por sofrer um grande impacto psicológico, causado não só pela ocorrência dos tiques, mas também pela reação das pessoas à volta.

“Vários estudos mostram que estes doentes são frequentemente vítimas de bullying e que os seus tiques podem provocar reações negativas nas outras pessoas”, alerta a neurologista. Mas há formas de gerar um ambiente mais saudável para quem sofre desta síndrome, ajudando no controlo dos tiques.

Dois pacientes com a síndrome Gilles de la Tourette podem ter tiques muito distintos, o que demonstra a grande variabilidade de sintomas entre indivíduos. No entanto, em todos os casos, existe sempre um fenómeno sensorial que precede os tiques, denominado “impulso premonitório”. Identificá-lo é o primeiro passo para controlar o comportamento.

Há ainda a distinção entre tiques simples e complexos. “Os tiques motores simples correspondem a movimentos breves, abruptos e rápidos que envolvem apenas um grupo de músculos como, por exemplo, piscar os olhos, sacudir a cabeça, encolher os ombros, fazer caretas”, descreve a médica.

Já os tiques motores complexos, “consistem em movimentos coordenados e sequenciados, semelhantes a gestos ou a atos motores inadequadamente intensos ou exagerados e socialmente inapropriados, como, por exemplo, saltar, fazer flexões, toques repetitivos, bater, chutar, curvar-se, girar.”

A pessoa pode também imitar os gestos de outros indivíduos, um comportamento designado por ecopraxia, ou pode ainda realizar tiques complexos e obscenos, ação identificada como copropraxia.

A nível vocal, também existe uma classificação idêntica. Os tiques simples correspondem a vocalizações como tossir, cuspir, pigarrear e gemer. Os tiques complexos, que surgem em 40% dos casos, passam por dizer palavrões (coprolália), repetir palavras (ecolália) e frases (palilalia).

Do tique à síndrome
Apesar de a síndrome ser caracterizada por tiques, ter um tique não significa que se tem a doença. É que “existe um espetro de perturbações de tiques distinto desta síndrome”, sublinha Sandra Castro Sousa.

“O diagnóstico da síndrome Gilles de la Tourette é clínico e resulta da combinação de tiques motores (pelo menos dois) e de tiques vocais (um ou mais), que ocorrem durante mais de um ano, surgindo antes dos 18 anos”, diz a médica.

A especialista indica contextos em que a presença de um tique não corresponde à Síndrome de Tourette:

Tiques transitórios durante a infância, que duram menos de um ano;
Quando há tiques crónicos, mas que não resultam da combinação de tiques motores e vocais;
Tiques causados por fármacos, consumo de drogas ou por outras condições médicas também não encaixam neste diagnóstico.

Características da doença
A Síndrome de Gilles de Tourette costuma surgir entre os cinco e os sete anos, começando por manifestar-se com tiques motores simples. Normalmente, os tiques começam por aparecer na região da cabeça e cervical, progredindo para o tronco e membros. “Os tiques motores surgem geralmente antes dos vocais e os simples antes dos complexos”, descreve a neurologista.

A doença vai progredindo com a diversificação e complexificação dos tiques, atingindo o auge entre os 10 e os 12 anos. A partir de então, os sintomas começam a diminuir gradualmente em termos de gravidade. Mais de metade dos doentes têm uma remissão completa dos sintomas ou mantêm apenas tiques ligeiros que não incomodam.

No entanto, há uma percentagem de casos em que a doença agrava com o tempo, podendo ser marcada pelo desenvolvimento de tiques “malignos”, que afetam a vida social e profissional do paciente. “Os fatores que diferenciam estes dois grupos ainda são desconhecidos, mas há estudos que mostram que tiques mais graves, comorbilidades não tratadas, stresse psicossocial e depressão na infância estão associados a um pior prognóstico.”

Sabe-se que a doença afeta cerca de 1% das crianças. Destas, mais de três quartos são de sexo masculino. Há ainda vários estudos que demonstram uma componente genética, apesar de ainda não ter sido identificado nenhum gene associado diretamente à doença.

Por vezes, o problema não surge sozinho. “Esta síndrome está frequentemente associada a comorbilidades, como a perturbação obsessivo-compulsiva, a perturbação de hiperatividade e défice de atenção e a doença do espectro do autismo”, explica Sandra Castro Sousa.

O treino da consciência do tique permite ao paciente reconhecer os sinais precoces do tique e o impulso premonitório. Depois de conseguir identificar o sinal, passa a treinar uma resposta que compete com o tique e que passa por um “movimento ou vocalização voluntários que são incompatíveis com o tipo de tique que se iria iniciar”, explica a neurologista. Desta forma, o paciente pode evitar o tique.

Já a intervenção comportamental para tiques baseia-se num treino de relaxamento e numa aprendizagem para “identificar e mitigar as situações que podem exacerbar a frequência e a gravidade dos tiques.”

No caso em que as terapias comportamentais são ineficazes, não estão disponíveis ou não são uma opção para o paciente, é possível recorrer-se a fármacos — os dois grupos principais são os agonistas alfa-adrenergicos e os antidopaminergicos — que atuam na supressão dos tiques, com taxas de eficácia variáveis e potenciais efeitos colaterais.

A botulina, uma toxina que causa uma paralisia muscular localizada, “também tem sido apontada como um tratamento eficaz em tiques motores focais e tiques vocais sem efeitos adversos sistémicos”, termina a especialista.

Mais Recentes

Dar as boas-vindas a 2025 em plena harmonia com a natureza é a sugestão desta unidade hoteleira

há 1 hora

Novas experiências sensoriais no Dolce CampoReal Lisboa

há 2 horas

Ouro, incenso e mirra inspiram novos doces da Casa das Lérias

há 3 horas

MarLuso reinventa a tradição no novo menu de Inverno

há 4 horas

Novo Mundo apresenta menus exclusivos para celebrar o Natal e o Ano Novo

há 5 horas

Galáxia Skyfood apresenta novo menu assinado pelo chef Roberto Barros

há 6 horas

La Panamericana celebra o Réveillon com sabores latino-americanos

há 7 horas

Tradições culinárias de Itália ganham vida com um menu exclusivo no L’Osteria Italiana

há 8 horas

Uma explosão de sabores surpreendentes, numa ode à época mais fria do ano: é assim o menu do Po Tat

há 1 dia

Contrabando chega ao Saldanha e está pronto para surpreender

há 1 dia

Nada de stress: jogos, receitas e outras dicas para entreter as crianças nas férias de Natal

há 1 dia

A Melhor Companhia Aérea na Europa fala português, pela 14.ª vez consecutiva

há 1 dia

InterContinental Lisbon promete um Natal encantado e um Réveillon requintado

há 1 dia

Hugo Boss abre primeira loja outlet HUGO em Portugal e oferece descontos

há 1 dia

Fertagus aumenta oferta de comboios para Setúbal

há 1 dia

Restaurante Astória celebra o Natal com weekend brunch temático e um calendário do advento

há 1 dia

Chaparro Alentejano junta a tradição e a partilha à mesa nesta época natalícia

há 2 dias

Programas de Natal em Cascais prometem animação para toda a família

há 2 dias

A loucura chegou ao Lidl: já está à venda a coleção de roupa natalícia (desde 1,99 euros)

há 2 dias

Primadonna celebra o Natal e o Réveillon com elegância e tradição

há 2 dias

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.