Num contexto de stresse e agressividade constantes em Portugal, uma nova pesquisa traz um dado que confirma o quanto a intolerância tem sido uma marca das nossas ruas e estradas: 7 em cada 10 portugueses já presenciaram situações de agressão verbal no trânsito — violência da qual 44,9% dos condutores e peões também já foram vítimas pelo menos uma vez.
As informações acabam de ser reveladas pela Preply, plataforma de idiomas que, recentemente, investigou a comunicação no trânsito de diferentes regiões e descobriu que insultos diretos (72,8%), comentários depreciativos sobre habilidades de condução (62%) e gestos provocativos (58,3%) têm sido, independentemente do distrito, as ofensas mais trocadas entre quem transita pelas avenidas do país.
Isto porque, para entender o comportamento dos condutores e peões de cada região, recentemente, respondentes de Norte a Sul foram convidados a partilhar as suas experiências envolvendo a violência no trânsito, incluindo a frequência com que ouvem comentários agressivos, como costumam reagir e as atitudes que tendem a estimular discussões e brigas. Na opinião dos portugueses, seriam três os distritos com as pessoas mais rudes: Lisboa, Porto e Setúbal.
Intolerância no trânsito, uma experiência comum
Discussões acaloradas, gestos obscenos de um lado para o outro, buzinas estridentes… se há algo que o estudo realizado pela Preply apenas reforça é como, independentemente da região, a impaciência continua a ser uma característica das ruas e estradas portuguesas — atributo que, não raramente, tem culminado em conflitos cada vez mais comuns entre condutores e peões de diferentes origens.
Das experiências partilhadas pelos inquiridos pela Preply, muitas envolvem situações de hostilidade entre condutores e peões: por exemplo, 78% dos portugueses afirmaram já ter presenciado agressões verbais no trânsito, um número que vai para 50% quando se trata de testemunhar situações de agressão física — das quais 16% dos ouvidos no estudo afirmaram já ter sido vítimas.
Nos momentos de raiva, de acordo com essas pessoas, as ofensas mais comuns parecem ser palavrões e insultos diretos, gestos agressivos e, ainda, comentários depreciativos sobre as habilidades de condução.
Palavrões são parte do vocabulário de 67% dos portugueses
Apesar de reconhecerem a importância de manter trocas pacíficas durante um conflito no trânsito, muitos inquiridos afirmam que isso nem sempre é possível, identificando problemas na própria comunicação com outras pessoas.
O uso de palavrões, por exemplo, foi referido por cerca de 67% deles, que admitiram não hesitar em utilizar linguagem obscena para expressar a sua irritação nas ruas e avenidas. Para 3,6%, aliás, a linguagem grosseira não é apenas ocasional durante eventuais discussões, mas é algo que praticamente acompanha as interações diárias com outras pessoas.
Recorrer a insultos, vale a pena mencionar, ainda é uma das reações mais comuns ao ouvir uma ofensa no trânsito, visto que responder a insultos com novos palavrões foi considerado um dos principais comportamentos durante uma discussão — mesmo que a maioria dos portugueses enfatize evitar qualquer tipo de confronto (60%) ou responder aos provocadores de forma educada e calma (19,7%).
Lisboa, Porto, Setúbal: os condutores e peões mais rudes de Portugal?
Mas, afinal, num país com tantas ocorrências de intolerância no trânsito, como avaliam os condutores e peões de diferentes regiões os níveis de cortesia e falta de educação nas estradas? Ou melhor, existem locais em Portugal onde os residentes mostram ter maior paciência no trânsito, em contraste com os muitos estressados espalhados por aí?
Afirmando que sim, existem diferenças regionais no comportamento no trânsito, de acordo com os inquiridos, três são as regiões com o maior número de pessoas rudes nas estradas: Lisboa (44,6%), Porto (28,4%) e Setúbal (3,6%), que lideram o ranking dos comportamentos mais indelicados.
As populações mais gentis, por outro lado, estão em dois locais onde supostamente as pessoas teriam uma paciência a mais no trânsito: Évora (10,6%) e Beja (9,7%), cujo título também se estende aos habitantes de Aveiro (9,1%).
“Uma boa comunicação durante a condução é crucial para a segurança”, comenta Sylvia Johnson, líder de Metodologia da Preply. “Seja paciente, use sinais gestuais quando necessário, aprenda os sinais de trânsito locais ao viajar e, acima de tudo, promova o respeito e a compreensão na estrada.”