Tinha uma bola de Golf na alavanca da caixa de velocidades e tecido tipo “tweed” nos forros dos bancos, mas mantinha jantes de aço e perante a restante gama Golf destacava-se pelas três letrinhas mágicas: GTI. Pequeno, ágil, leve e com mais de uma centena de cavalos, o VW Golf, curiosamente, nunca conheceu grande palmarés na competição.
Mas em estrada, havia poucos que lhe fizessem frente. O sucesso foi tal que a VW registou as três letrinhas – como mais tarde viria a fazer com o TDI – e a cada geração do Golf lá vinha a versão GTI com melhorias no chassis e no motor, entre outros aprimoramentos.
Entretanto a Volkswagen foi acreditando, cada vez mais, nas motorizações diesel, renegando a versão desportiva, que chegou a desaparecer para ressurgir como nível de equipamento. Felizmente, esta fase durou pouco e a VW voltou a recentrar-se, oferecendo versões GTI mais desportivas.
Hoje o Golf GTI está mais burguês e orientado para o conforto, mas esta última geração é de boa qualidade. Evoluindo na continuidade, a sétima geração do modelo mais vendido na Europa recebeu um estilo aprumado, novos motores e tecnologia inédita no segmento.
A parte burguesa que referimos é visível no avançado sistema de info-entretenimento, condução semi-autónoma graças aos sistemas de manutenção do carro dentro das linhas da faixa de rodagem e do regulador de velocidade adaptativo com radar e travagem de emergência autónoma.
Nas suas versões “normais” o Golf não conheceu grandes alterações e, como habitualmente, o salto entre a sexta e a sétima gerações acabou por não trazer nada de revolucionário. Nesta versão GTI, as novidades estão lá todas, com alguns retoques que fizeram magia no desportivo da casa alemã que, refira-se, já não é o pináculo da gama, pois, acima do GTI, está o Golf R com tração integral e potência compatível com os rivais.
O Golf GTI tem 230 CV, direção assistida progressiva e suspensão equipada com o Dynamic Chassis Control (DCC), que exibe amortecedores adaptativos e reguláveis com os modos de condução diferentes, oferecidos de série.
O interior do Golf GTI foi ao século passado buscar um tecido quadriculado para revestir os bancos que não sejam em pele, tendo ainda um ecrã de 9,2 polegadas, com sistema de navegação, e um painel de instrumentos totalmente virtual, projetado num ecrã de 12,3 polegadas, também oferecido de série.
Como seria de esperar, a qualidade de construção e de materiais não merece reparos, a posição de condução é ótima, o espaço oferecido aceitável e a atenção ao detalhe é mais pronunciada neste carro desportivo.
A qualidade e linearidade de utilização dos recursos disponíveis sempre foi uma das forças do Golf GTI, pois este Volkswagen, em teoria, não tem argumentos para os rivais mais modernos, como o Honda Civic Type R ou o Hyundai i30N. E o bloco de 2.0 litros TFSI oferece uma boa sensação, empurrando o GTI para diante com eficácia.
O chassis continua a ser muito bom e com os amortecedores pilotados, o Golf GTI pede meças a qualquer rival. Que, para conseguirem comportamentos de excelência, endurecem as suspensões para aumentar as capacidades dinâmicas e conseguir colocar no chão a potência, o que não sucede com este Volkswagen, mais confortável numa afinação que tem vindo a ser desenvolvida há muito tempo.
Veredicto
Se for adepto de desportivos que dão nas vistas, barulhentos e absolutamente eficazes nos limites, exigindo alguns conhecimentos de condução para lá chegar, o Golf GTI não é para si. No entanto, se quiser um carro que o leva a passear na marginal com o mesmo à vontade com que sobe a Serra da Arrábida ou a Fóia no Algarve, o Golf GTI já deve fazer parte das suas opções de compra. É brilhante no que toca ao chassis e às suspensões, evoca o espírito do original Golf GTI e é eficiente q.b., com enorme suavidade. Não é barato, mas a qualidade paga-se..
José Manuel Costa