Educar um filho é simultaneamente uma das “missões” mais gratificantes e frustrantes que podemos aceitar. A verdade é que não existe nenhum livro explicativo que nos indique exatamente o melhor caminho para apoiar o crescimento saudável das crianças. Cada caso é único e exige uma atenção diferenciada.
Existem muitos pais que escolhem adotar um estilo de parentalidade mais interventivo. Procuram ajudar a definir diretamente algumas das escolhas mais importantes, querem proteger as crianças ao máximo e assegurar um futuro promissor. No entanto raramente este tipo de pressão funciona, podendo inclusive gerar algum afastamento e ressentimento.
Outros pais preferem oferecer uma maior liberdade aos jovens. Tentam não condicionar muito as suas escolhas. Apenas desejam ver os seus filhos perseguir os caminhos que os fazem mais felizes, independentemente do que estes possam ser. Esta opção pode igualmente não ser perfeita e criar alguns problemas no futuro.
Eis 5 formas que explicam como os pais podem – de forma não-intencional – estar a afetar a confiança dos seus filhos.
- Fazem coisas pelos filhos que estes deveriam fazer autonomamente
No meio de um dia-a-dia atarefado e exigente é fácil sentir que não tem tempo para tudo. Por vezes delegar tarefas significa perder ainda mais tempo. Sabe que irá conseguir fazer isso mais rápido e por isso nem pede aos seus filhos para ficarem responsáveis por essa determinada tarefa. A pressão de queremos fazer tudo o mais rapidamente possível acaba por determinar que não damos tempo e responsabilidade suficiente às crianças e aos jovens para tentarem algo novo.
- Oferecem demasiadas instruções
Ao invés de permitir que a criança simplesmente tente algo novo mesmo que não consiga ser bem sucedida, é comum os pais tentarem imediatamente oferecer uma ajuda exagerada. O facto de perceberem que a criança está com dificuldade a completar algo acaba por determinar que não vão descansar enquanto não conseguirem explicar à criança o que está a fazer mal. Este é um comportamento errado que pode afetar a confiança dos mais jovens. Deverá ser mais paciente e permitir que a criança vá testando várias opções. Sendo certo que deve ensinar e demonstrar como algo se faz, deve depois dar “espaço” para que a criança possa falhar.
- Falar por eles
Existe uma tendência natural para que os pais queiram responder a certas questões em nome dos filhos, sobretudo quando um outro adulto lhe faz uma pergunta. Sentimo-nos mal se virmos o nosso filho algo envergonhado ou pouco interessado em responder às questões, pois está entretido com outras brincadeiras. No entanto, se um pai acabar por responder em nome do filho apenas estará a contribuir para que este se sinta menos capaz e confiante de falar em nome próprio. Pode ser difícil pedir a um pai para não entrar imediatamente em auxílio da criança sobretudo se perceber a sua timidez ou desconforto, todavia é fundamental estimular a sua autonomia e capacidade de resposta. A verdade é que nem sempre os pais estarão lá para dar apoio.
- Tentam viver a vida por eles
Todos desejamos ver os nossos filhos felizes e bem-sucedidos. É assim natural que tentemos estimular e apoiar os seus interesses individuas. No entanto, sempre que a criança não demonstrar um interesse particular por nada é fácil tentarmos incentivá-los a fazer certas coisas que achamos que estes irão gostar. O problema é que acabamos por escolher coisas que achamos que eles vão precisar e não necessariamente coisas que vão gostar. Por exemplo, o pai de uma filha mais envergonhada pode continuar a incentivar a criança a ter aulas de teatro, mesmo quando esta demonstra zero interesse, pois acredita que será bom para que ela se torne mais extrovertida. Se levado a um extremo isto pode acabar por gerar danos emocionais. O melhor será mesmo procurar um equilibro, oferecendo sugestões e nunca imposições.
- Influenciar a personalidade através de comparações
Apesar de sabermos que as comparações podem não ser positivas para a confiança das crianças é fácil cairmos neste erro. Sobretudo quando acreditamos que uma comparação pode servir como um ensinamento. Por exemplo, quando sentimos o desconforto ou receio do nosso filho em relação a uma certa atividade é fácil dizer coisas como “não vês ali os outros meninos a brincar? Vai com eles, é divertido”. Ou quando dizemos ao nosso filho adolescente “aposto que o filho do vizinho ajuda sempre os pais”. Este tipo de comparações anunciam claramente ao jovem que esta está a fazer algo errado. Muitas vezes os pais acabam por não respeitar adequadamente a personalidade o seu filho, pois estão focados em garantir que estes se tornem naquilo que eles tanto sonham.