A saúde mental é um tema incontornável na atualidade. Cada vez mais parece existir uma maior atenção e preocupação em relação à forma como a nossa mente pode complicar o nosso bem-estar. Sobretudo a ansiedade tem sido anunciada como a doença do século XXI, sendo algo que afeta diariamente milhões de pessoas.
Apesar de nas últimas décadas a saúde mental ter sido mais debatida pela sociedade e ter-se tornado num tópico menos “tabu”, a verdade é que infelizmente continuam a persistir muitas ideias pré-concebidas em torno deste assunto. A psicoterapia continua a ser considerada por alguns apenas algo “para malucos”. Estas sessões são retratadas de uma forma cómica ou pouco fidedigna pela televisão, pelas séries e os filmes.
É necessário continuar a informar e educar a população sobre os benefícios de uma maior atenção e de um maior cuidado com o nosso bem-estar psicológico. Evitar os mitos e ideias erradas que continuam a afastar muitas pessoas dos consultórios.
Eis uma listagem, publicada pelo Psychology Today, onde se identifica algumas destas ideias comuns e perigosas. Não deixe de procurar o apoio que necessita, evite estes mitos.
- As pessoas que fazem psicoterapia são fracas, malucas ou doentes mentais
Atualmente esta ideia não faz qualquer sentido e acaba por caracterizar erradamente a utilidade da psicoterapia. Um individuo procura este tipo de sessões para conseguir de uma forma proactiva resolver ou melhor compreender uma qualquer questão complexa, um problema. Habitualmente os temas das sessões são algo com que grande parte da população se consegue identificar: relacionamentos, problemas de autoestima, stress, ansiedade, dúvida, etc. Alguém que frequente psicoterapia não é um paciente; é sim um cliente, que procura melhorar algum aspeto da sua vida.
- O psicoterapeuta é apenas um bom-ouvinte
Este tipo de terapia não é um processo passivo. As representações na televisão deste tipo de sessões dão a entender que o terapeuta apenas se limita a ouvir, abanar a cabeça e a escrever anotações. A verdade, no entanto, é outra. A psicoterapia é um processo colaborativo, que se estabelece entre o profissional e o cliente. Baseando-se na conversação, a ideia é conseguir conjuntamente encontrar um “caminho” que identifique e ajude a resolver um qualquer problema. Definindo objetivos e monitorizando o processo, sempre com o intuito de conseguir desbloquear certas questões e transformar estados de espírito ou comportamentos.
- A psicoterapia pode resolver os problemas em uma ou duas sessões
Seria agradável pensar que podemos ultrapassar alguns dos nossos principais problemas em apenas algumas horas, no entanto isso raramente é possível. A psicoterapia é um processo que exige tempo para que se consiga obter resultados reais e permanentes. No entanto também não deverá ser algo que dure anos e anos (nos mesmos moldes), idealmente este é um processo que deverá ter a duração de 3-6 meses. A sessão inicial é meramente é um começo, uma forma de entender o problema, conhecer a pessoa e começar a estabelecer uma relação de confiança.
- O psicoterapeuta e o cliente tornam-se melhores amigos
Sendo certo que as sessões de psicoterapia abordam temas íntimos e pessoais da vida do cliente, a verdade é que a relação que este estabelece com o terapeuta terá que assumir sempre um cariz profissional. Este é um elemento imprescindível de todo o processo. Um terapeuta que quebre esta barreira e estes limites, pode perder a sua licença ao infringir o código deontológico. O nome dos clientes e as histórias são absolutamente confidenciais e não podem ser partilhados com outras pessoas.
- Uma sessão de psicoterapia faz nos sempre sentir melhor no final da conversa
É um cenário agradável, mas está longe de ser verdadeiro. Apesar de poderem existir momentos de desbloqueio, leveza, alívio e maior compreensão no seguimento da conversa terapêutica, o mais certo é que este seja um processo que pode (e deve) causar algum desconforto. Nestas sessões é nos pedido que falemos sobre alguns dos momentos mais dolorosos e traumáticos da nossa existência. Aqui deveremos ser capazes de voltar a “reviver” algumas vivências, voltando a analisa-las, compreendendo melhor o seu significado. O papel do terapeuta será ajudar a trazer alguma clareza e perspetiva a estas experiências pessoais.