Por: Sara Oliveira, Fisioterapeuta Holmes Place Boavista
Os AVC’s são um distúrbio na corrente sanguínea cerebral, podendo ocorrer por oclusão (AVC isquémico) ou por rutura (AVC hemorrágico) de um vaso. A interrupção da corrente sanguínea priva uma determinada área do cérebro de nutrientes e oxigénio, manifestando-se por sinais e sintomas deficitários causados pela perda da função da área afetada. A sintomatologia mais comummente referida compreende fraqueza ou paralisia em um ou mais membros, distúrbios visuais, dor de cabeça intensa, perdas sensitivas, alterações da linguagem e da fala (afasia), alterações de equilíbrio e coordenação.
Os AVC´s são mais frequentes nos homens, nos afro-portugueses, nos diabéticos, nos fumadores e nos consumidores excessivos de álcool (+ de 5 copos/dia). Os fatores não modificáveis são a idade, o género e a etnia. Nos factores modificáveis incluem-se a hipertensão arterial, a diabetes, tabagismo, hiperlipidemia, alcoolismo, obesidade e o sedentarismo. A “via final comum” para todos estes fatores de risco é a arterosclerose – lesão de artérias de médio e grande calibre, caracterizada pela deposição de colesterol e outras substâncias na parede arterial, podendo ocluir completamente o vaso.
Sabe-se que 85% dos AVC´s são do tipo isquémico e 15% são do tipo hemorrágico. É necessário ainda estabelecer e distinção entre AVC e AIT – Acidente Isquémico Transitório que é também caracterizado por perda da função cerebral, mas com sintomas que duram menos de 24 horas.
Os doentes que refiram estes sintomas devem ser dirigidos de imediato ao serviço de urgência e devem ser internados numa unidade de AVC, sendo este fator importante para o prognóstico de recuperação.
Os AVC’s isquémicos seguem a distribuição dos territórios arteriais ocorrendo em maior número na artéria cerebral média.
Fisioterapia no contexto de AVC´s
Após a fase aguda deve ser iniciado de imediato a reabilitação que inclui não só a parte motora (fisioterapia), como a terapia da fala e a terapia ocupacional, com vista à restauração, a mais próxima possível, à condição anterior do paciente.
A neuroplasticidade é um novo conceito, que surgiu do aumento do conhecimento sobre o cérebro. Baseia-se na capacidade do cérebro se adaptar após lesão, redirecionando as funções das áreas afetadas para outras regiões cerebrais. Este facto veio trazer uma nova esperança à população com lesões neurológicas, e está na base de diversas abordagens de tratamento desta patologia