Sabia que o envenenamento com mercúrio está na origem da expressão «louco como um chapeleiro», popularizada no século XVII, e inspirou «Mad Hatter» (Chapeleiro Louco), uma das personagens mais icónicas de «Alice no País das Maravilhas»? Sabe-se hoje que, na preparação dos feltros dos chapéus, os chapeleiros usavam vapores de mercúrio e que a sua acção no sistema nervoso provocava alterações de personalidade, que iam desde a tristeza a acessos de fúria. Ao longo da história, no entanto, o mercúrio tem tido várias utilizações. E ainda tem.
De acordo com a “Bloomberg”, há centenas de milhões de mulheres e um número em crescimento de homens a consumir cremes de clareamento à base de mercúrio, com o objectivo de acelerar a perda da pigmentação normal da pele. A maior quota de mercado pertence à Ásia (40%), mas já há casos detectados na Índia e em África, mostram dados da Organização Mundial de Saúde.
Os testes continuam a revelar a presença da substância, mesmo nos produtos que os fabricantes afirmam ser seguros. Segundo os ambientalistas da EcoWaste, há, inclusive, produtos identificados com mercúrio a ser comercializados livremente no Ebay, Amazon e Facebook.
Recentemente, testes realizados pela EcoWaste detectaram 19.200 partes por milhão (ppm) e 14.300 ppm de mercúrio em cremes Feique de dia e noite, respectivamente. A Ebay disse que iria remover os produtos. Mas não é caso único. Também há presença de mercúrio nos cremes Goree, disponíveis na Amazon, através de revendedores independentes.
Recorde-se que, no ano passado, foi promulgado um acordo internacional, assinado por 128 países, que visa controlar a intoxicação por mercúrio, que entra em vigor no próximo ano. A partir de 2020, o «fabrico, importação ou exportação» de cosméticos com vestígios de mercúrio será barrada. No entanto, há países em que a utilização desta substância não é ilegal.