A Agência Europeia do Ambiente (AEA) alertou hoje para a alta exposição dos europeus à substancia química sintética bisfenol A (BPA), que pode colocar em risco a saúde de milhões de pessoas, avança a Lusa.
Com base em dados recolhidos num estudo de biomonitorização humana em 11 países, Portugal incluído, a AEA divulgou uma nota na qual afirma que a exposição da população ao BPA “está muito acima dos níveis aceitáveis de segurança para a saúde”.
O BPA é um composto usado nos plásticos (para os tornar mais duros) e está por exemplo em recipientes para comida, garrafas de plástico ou latas de conserva, e mesmo em brinquedos.
Os dados do estudo indicam que os níveis excederam os limiares (exceto na Suíça) em 71% em vários países, e em países como Portugal, França e Luxemburgo excederam em 100% dos casos.
Mas a AEA salienta que os valores comunicados foram os valores mínimos, pelo que é provável que todos os países apresentem taxas de ultrapassagem de 100% dos níveis de exposição acima dos limiares de segurança.
Na nota hoje divulgada a diretora executiva da AEA, Leena Ylä-Mononen, salienta que o estudo mostrou que o BPA representa um risco mais generalizado para a saúde do que se pensava.
“Temos de levar a sério os resultados desta investigação e tomar mais medidas a nível da União Europeia (UE) para limitar a exposição a substâncias químicas que representam um risco para a saúde dos europeus”, afirmou.
A AEA nota que a exposição ao BPA é sobretudo através da alimentação, por o produto estar em embalagens para alimentos e bebidas.
Em abril, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) reavaliou os riscos para a saúde resultantes da exposição ao BPA, concluindo que pode prejudicar o sistema imunitário humano, além dos já conhecidos efeitos nocivos como a desregulação endócrina, a redução da fertilidade e as reações alérgicas cutâneas.
Os dados agora divulgados apoiam a conclusão da EFSA e mostram que a exposição continua a ser demasiado elevada, apesar de medidas introduzidas desde 2015.
Em alguns países, como a França, o BPA é atualmente proibido em recipientes de alimentos. A UE e os Estados Unidos restringiram a sua utilização e estão a considerar restrições mais drásticas, embora estas ainda não tenham sido implementadas.
Em junho passado a AEA já tinha salientado a presença de bisfenol A no organismo de mais de 90% dos participantes de um estudo, alertando para a continua produção e consumo na Europa de “grandes quantidades de produtos químicos”.
Em abril passado organizações ambientalistas alertavam para a proliferação de produtos químicos nocivos para a saúde, alguns até em fraldas para bebés, um ano depois de a Comissão Europeia ter anunciado a proibição de milhares de substancias tóxicas.
Em abril de 2022 a Comissão publicou um roteiro de restrições, para servir de base a uma lista de substâncias químicas a serem proibidas.
Entre outras restrições estavam por exemplo os retardadores de chama, frequentemente ligados a cancro, ou os bisfenóis. Mas este ano os ambientalistas consideraram que o plano falhou e que os produtos químicos nocivos para a saúde continuam “a ser usados sem restrições”.
Em relação aos bisfenóis, apenas cinco de 148, segundo os ambientalistas, estão definidos para serem restringidos. E alertou que a maioria dos usos controversos do bisfenol A é para continuar.