Partilhar

Economistas veem espaço para subir salários desde que com prudência

O controlo da inflação e os aumentos salariais não são atualmente antagónicos, desde que as subidas sejam feitas com prudência, segundo os economistas consultados pela Lusa.

13 Dezembro 2023
Forever Young

Os bancos centrais têm alertado para o impacto dos aumentos salariais na inflação, cujo controlo tem dominado a atenção dos decisores nos últimos meses, argumentando que subidas demasiado expressivas podem obrigar a uma política monetária ainda mais restritiva.

Contudo, os economistas consultados pela Lusa consideram natural que existam ajustamentos salariais.

“A afirmação de alguns bancos centrais compreende-se desde que isso não signifique a anulação dos efeitos que a política monetária tem trazido ao controlo da inflação. Mas não é possível evitar que os salários se ajustem”, assinala o economista e presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), João Duque.

O economista destaca que “caso contrário a acomodação seria totalmente feita por via dos salários o que é socialmente insustentável, mesmo que a descida da inflação seja mais prolongada no tempo”.

João Duque salienta que há salários de vários tipos, desde os que remuneram o trabalho especializado aos que remuneram o trabalho não especializado.

“Se por um lado o trabalho não qualificado pode ser relativamente penalizado porque não tem margem de negociação pela facilidade com que se encontram alternativas, o mercado de trabalho dos qualificados não vai acompanhar os pedidos dos bancos centrais desde que a procura por produtos mais sofisticados e de valor acrescentado elevado se mantenha”, argumenta.

Por sua vez, o economista e professor da Nova SBE Pedro Brinca dá nota de que a ideia da espiral inflacionista é que a subida dos salários leva a um aumento dos custos de produção, que por sua vez leva a um aumento dos preços e inflação, fazendo com que as reivindicações salariais sejam ainda maiores.

“Não obstante, na zona euro, os salários ainda estão a crescer abaixo da inflação subjacente (ao contrário de Portugal) pelo que não existe grande evidencia de tal espiral, até porque um dos componentes importantes deste mecanismo, as expectativas, parecem estar ancoradas ao objetivo de 2% no médio prazo”, refere.

Neste sentido, considera que pode haver alguma margem para subir salários desde que com prudência, tendo principalmente em atenção a produtividade do trabalho.

Já o economista e professor da Universidade de Coimbra José Reis defende que o apelo dos bancos centrais se traduz numa quebra do “escasso poder de negociação que os trabalhadores conservam e de garantir a acumulação à custa dos salários”.

“Numa economia como a nossa, uma boa parte da inflação ou é importada ou resulta de aumentos de lucros extraordinários. Os aumentos salariais devem repor o que a inflação retirou ao salário real, somar-lhe os ganhos de produtividade e incluir um objetivo político de recuperação do peso dos salários no Produto Interno Bruto (PIB), que tem diminuído”, aponta.

Segundo o economista, “em Portugal, o objetivo de, no curto prazo, levar a que este indicador seja semelhante à da média da UE é aceitável. Isso consta do acordo de rendimentos que foi estabelecido, mas não parece nada claro que esteja a realizar-se ou vá realizar-se”.

O governador do Banco de Portugal defendeu, numa análise publicada no início de dezembro, que as políticas monetárias e fiscais devem reconhecer os desafios do mercado de trabalho, reconhecendo que a procura de trabalho é uma “procura derivada” da atividade económica”.

Segundo Mário Centeno, “preservar os investimentos e as aspirações dos trabalhadores é incompatível com um aperto mais do que o necessário”.

O responsável do banco central português defende que “a prudência deverá orientar os aumentos salariais”, considerando que devem ser impulsionados por ganhos de produtividade, como observado nos últimos 35 anos.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, num discurso no Parlamento Europeu em novembro, destacou que a inflação era agora ser impulsionada mais por fontes internas do que por fontes externas.

“As pressões salariais, entretanto, permanecem fortes. A nossa avaliação atual é que isto reflete principalmente efeitos de ‘recuperação’ relacionados com a inflação passada, e não uma dinâmica auto-realizável. E esperamos que os salários continuem a ser um factor-chave que impulsiona a inflação interna”, disse.

 

Mais Recentes

Vila Galé com preços desde 69 euros

há 1 dia

Este sumo muito especial ajuda a rejuvenescer: vamos não só revelar qual é, como desvendar como o fazer

há 1 dia

Um alerta a ter em conta: se tem as mãos e os pés sempre frios convém saber o motivo

há 1 dia

Exercício ao ar livre no inverno? Sim, mas com certos cuidados

há 1 dia

Excelente opção no inverno (e não só) a sopa de abóbora tem inúmeros benefícios, se consumida regularmente

há 1 dia

Prémios internacionais distinguem dois destinos portugueses como o Melhor Destino Insular e o Melhor Destino de Praia

há 1 dia

Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez em guerra familiar pela alimentação dos filhos

há 1 dia

Faça este movimento simples se sofre de insónia: não precisa de sair da cama

há 1 dia

«Agredia física e verbalmente a mulher, Betty Grafstein»: José Castelo Branco acusado de violência doméstica

há 1 dia

Não consegue aceder ao Outlook e Teams? Calma, o problema não é (só) seu

há 1 dia

Violência doméstica: Cruz Vermelha acompanhou até junho quase tantas vítimas como em 2023

há 1 dia

Saúde mental: equipas comunitárias baixam internamentos e readmissões

há 1 dia

Colocar os cabides ao contrário no armário: conheça o truque simples que lhe vai facilitar a vida

há 1 dia

Alergias ou intolerâncias alimentares? Saiba como reconhecer e como deve gerir os sintomas

há 1 dia

A Melhor Cidade Património Mundial é portuguesa

há 1 dia

Coloque uma colher de sopa na máquina de lavar: a roupa fica mais limpa e economiza na conta da eletricidade

há 1 dia

Nem bicarbonato nem detergente: esta é a mistura mais eficaz para limpar as cortinas em segundos (e sem as desmontar)

há 2 dias

Não vá para a estrada sem ler esta noticia, se quer saber onde vai encontrar os radares da PSP esta semana

há 2 dias

Consolar, motivar ou divertir: estes signos sabem sempre o que devem dizer. É o seu caso?

há 2 dias

Óbito: Morreu o realizador português José Barahona Tinha 55 anos

há 2 dias

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.