O abaixo-assinado reúne “músicos, agentes e produtores musicais” que “apelam ao cessar-fogo imediato em Gaza, à entrada urgente de ajuda humanitária nos territórios ocupados, à libertação de todos os reféns e à resolução política desta ocupação no quadro da ONU”, segundo o texto do manifesto.
Lançado “a título pessoal” pelo produtor Sérgio Machado Letria, também diretor da Fundação José Saramago, o abaixo-assinado reúne à partida perto de uma centena de músicos e compositores de diferentes áreas, da expressão popular ao jazz e à música erudita, como A Garota Não, Ana Deus, Bernardo Tinoco, Carlos Bica, Carlos Barretto, Filipe Melo, Filipe Raposo e Francisca Cortesão (Minta).
Cristina Branco, Gaspar Varela, Joana Espadinha, Luca Argel, Luís Tinoco, Márcia, Mitó Mendes, O Gajo, Pedro Moutinho, Ricardo Toscano, Rogério Charraz e Teresa Salgueiro são outros subscritores.
Os músicos sublinham a importância de tornar “realidade a solução de dois Estados, defendida pela Organização das Nações Unidas (ONU)”, quando “todos os dias” são “confrontados com a violência perpetrada pelo governo de Israel contra a população palestiniana, no atropelo de todas as regras internacionais de respeito pelas populações civis e de ajuda humanitária”, que já provocou “mais de vinte mil vítimas até ao momento, na maioria mulheres e crianças”.
“A situação em Gaza piora de minuto a minuto e torna-se fundamental que um cessar-fogo seja decretado, pondo fim a semanas de desumanidade e numa tentativa de abrir caminho a uma solução pacífica que ponha fim ao domínio perpetrado por sucessivos governos israelitas sobre a Palestina”, lê-se no texto do abaixo-assinado.
Carlos Caires, a banda Cassete Pirata, Edu Miranda, Inês Mota, Luis Varatojo, Margarida Campelo, Sebastião Varela, Suse Ribeiro, Tânia Monteiro e Tiago Branco são outros subscritores.
O abaixo-assinado dos músicos acontece uma semana depois da publicação da “Carta Aberta em Solidariedade à População de Gaza”, subscrita por cerca de duas dezenas de associações culturais, representativas das artes, da dança e do espetáculo, como a Performart – Associacão para as Artes Performativas em Portugal, a Rede – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, e outras entidades como a Pé de Cabra, a Associação Parasita, a Noitarder – Associação Cultural e a dupla Jonas&Lander.
A comunidade artística, nesta missiva, sublinha “o embaraço” que identifica “na ausência de qualquer medida por parte do Governo de Portugal” sobre a situação em Gaza, que define como hecatombe, e “que tão claramente afronta qualquer ideal de humanidade e qualquer possibilidade real de justiça e liberdade”.
Congratula-se com o facto de o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, ter apoiado “a posição tomada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres”, mas critica “não ter havido qualquer tomada de posição relativamente aos negócios que se mantêm com Israel, em particular através da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.”
A comunidade artística estende ainda as críticas à União Europeia e apela ao Governo português para “que condene os crimes de guerra e crimes contra a humanidade perpetrados pelo governo de [Benjamin] Netanyahu”, aplicando sanções a Israel, pressionando a União Europeia, para fazer valer as convenções e a aplicação do direito internacional, e ainda para apoiar “a denúncia da África do Sul da intenção genocida israelita ao Tribunal Internacional de Justiça”.
Lusa